Hoje eu coloquei Cícero pra tocar, ele sempre me paralisa, suas músicas me fazem pensar, pensar demais. Me colocam em um estado calmo de desespero, sim! É como se toda a agonia do meu coração quisesse sair gritando porta afora e ele em sua voz melancólica, em suas músicas calmas batesse de frente com a minha angústia e tentasse mostrar uma forma diferente de se desesperar. Então minha agonia briga "pelo interfone", não sabe se toma "açúcar ou adoçante" e se sente como um "vagalume cego" que sequer pode contemplar sua própria luz. Que triste!
E eu me vi formando um texto na cabeça, um texto sobre desistência, sobre antecipação, P.R.E.M.A.T.U.R.I.D.A.D.E. Mas não era sobre algo prematuro no sentido de nascimento, mas no sentido de morte, aquilo que é encerrado antes do tempo, que morreu prematuro. Não, não é sobre morte, é sobre assassinato. O texto estava pronto, falava sobre você, sobre mim, sobre nós. Abri o notebook, sentei na minha melhor posição de escritora, com um blusão sobre o corpo, a manga dele caindo, despindo o ombro esquerdo, mostrando o dorso, a parte alta do seio, as pernas entrelaçadas, coxas nuas, cabelo semi-amarrado, faltou o óculos, confesso! Mas estava confortável. Abri o blog, digitei o título e parei. Minhas mãos estavam paralisadas, eu sabia o texto, li e reli várias vezes em minha cabeça, mas não conseguia, não conseguia começar, não conseguia colocar pra fora.
Paralisei!
As lágrimas começaram a rolar e os olhos se arregalaram um pouco quando percebi, percebi que se eu colocasse no papel ele se tornaria real, ele sairia da minha mente para o mundo, o meu pequeno mundo cheio de letras, onde meus textos possuem uma importância peculiar pra mim, lembra? Você uma vez me disse isso. Você estava certa. E eu ainda não consegui assassinar alguém com determinadas palavras. Ainda não consegui matar você, nós, sentimentos e de quebra me suicidar.
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