domingo, 5 de fevereiro de 2017

CRISE

Ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar...(8

                É, Zeca Baleiro entende das coisas, de algumas das minhas coisas. Eu ando tão à flor da pele que cansei até de mim. Cansei desse corpo, dessa mente, desse ser. Tem horas que sinto vontade de sair, penso que louco seria eu não conseguir mais me ver no espelho da alma que sou. Ando tão à flor da pele que gostaria de sair do corpo em que habito e ser espectro ao vento. O cansaço já não é mais de um dia, dois ou três, é da vida. Não só da minha, mas dessa vida toda que carrego em mim, que me rodeia e afins. Como as pessoas conseguem lidar comigo e com minhas confusões? Nem eu me aguento mais, até eu quero fugir do que sou.
                Recentemente estava em uma reunião e em determinado momento eu parei e me questionei: "o que é que eu estou fazendo aqui?". A vontade que tive foi de levantar, pegar minha bolsa, dar as costas, abrir a porta e sair. Eu juro que me vi dentro dessa cena, mas quando dei por mim ainda estava sentada ali, naquela mesma cadeira... E a pessoa a minha frente só falava, falava e falava. Eu ouvia, mas não escutava nada. Parecia um zumbido ao longe. Demorou dias para eu perceber que a vontade de sair dali não era bem de sair do lugar físico em que eu estava, mas de sair de mim, desse recipiente no qual habito.
Eu nunca me vi tão fraca, tão confusa, desacreditada, sensível e desolada.
                Parece que quanto mais o tempo passa, quanto mais eu estudo, leio, as coisas só pioram, eu fico mais crítica e ao mesmo tempo hipócrita. E sinto tudo tão à flor da pele, parece que meu sangue ferve, que de sangue virou larva fervente e meu corpo a qualquer momento vai entrar em erupção, e partes da alma que sou vão escorrer por entre esse sangue fervente que corre dentro de mim.
Toda vez que olho o siga eu me pergunto... Quanto eu estou valendo hoje? Aquele 10 em fundamentos do ensino de ciências, aquele 8 na disciplina do semestre passado ou aquele 9 da eletiva? Eu diria que estou igual aquela musica: "Eu não estou valendo nada". É como um 0... Um 0 que multiplicado por qualquer número dá 0. Então não importa quanto números o siga ou qualquer outra pessoa me dê, eu sou todos esses números multiplicados por 0... Que vai sempre dar 0.
Quanto estou valendo para as pessoas ao meu redor? Os abraços e conselhos que dei? As mágoas e estresses que causei? Ou os risos que arranquei? Quanto?
E aí alguém pode dizer: "ah... mas você não  pode se quantificar.... não se quantifica pessoas".
Será? Será mesmo que não quantificamos?
                As pessoas estão sempre sendo quantificadas, elas são o quanto dão, têm, são, oferecem, aparecem. Sempre é "O quanto" porque isso sim importa. O quanto fulano me fez sentir bem hoje... O quanto ciclano me faz rir... É o quanto e sempre o quanto esse "quanto" é voltado pra você, pra te fazer bem, que faz com que você fique perto da pessoa. Isso pode ser visto como algo natural do ser humano, o fato é que o quanto sempre estará lá...  É sempre o quanto alguém pode proporcionar.   Esse "quanto" importa, e por enquanto eu não tenho tanto "quanto" assim. Eu só tenho um quanto de dor, de desamor com um quanto de turbulência prestes a sair de mim.

Zero mesmo é a imensidão
 desse vazio dentro de mim... 
É tanto nada no fundo desse abismo
que não dá pra quantificar. 

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