domingo, 27 de agosto de 2017

Ainda...


O segredo não vai estar em quantas vezes sorrimos uma pra outra, dissemos palavras bonitas, nos declaramos cheias de amor nos olhos e nas palavras. O segredo não vai estar no gosto doce dos nossos lábios quando se encontrarem, no amor que juramos uma a outra ou naquela música apaixonada que você colocar pra tocar pós-sexo. O segredo, não vamos encontrar naquela ligação cheia de saudades, muito menos no abraço repleto de emoções. O segredo não está no carinho que damos uma a outra, nas trocas de olhares, nos momentos felizes e repletos de sorrisos. Sabe onde estará o segredo? Quando o café esfriar, o olhar se tornar triste, quando uma quiser ir embora da outra, os lábios não se encontrarem mais, as brigas se intensificarem, a vontade de ir embora for maior do que a de ficar, quando as fotos perderem a cor juntamente com o olhar de uma sobre a outra, quando o carinho se resumir a um beijo de até mais e o olhar de uma sobre a outra for pior do que o inverno em Antártida. O segredo está em esquentar o café, e se não der? Fazer um novinho, quente, e lembrar que assim sempre foi o nosso amor. O segredo está em refazer o olhar, os beijos, os abraços e o carinho. O segredo está em ficar quando quiser partir, em abraçar forte quando a briga se intensificar, em dizer: "estou aqui, por nós". O segredo está no recomeço, no ainda fazer acontecer, no ainda pintar com as cores mais coloridas esse amor que desbotado está, no ainda juntar todos os cacos e fazer deles a escultura mais linda sobre uma história de amor que alguém poderia ver e sentir, no ainda usar de estratégias para fazer acontecer, no ainda ter atitudes dignas de um filme de romance, mesmo que a outra tenha o lado mais sombrio que você já viu, digno de um filme de terror. O segredo está no ainda querer continuidade, por saber que ainda tem sentido, amor, jeito... Ainda... 

Porque amor que é amor, a gente não desiste porque algo nele quebrou, a gente conserta. 
É aí onde o segredo está...  No ainda querer consertar aquele amor. 





domingo, 20 de agosto de 2017

Sinal de fumaça...


Na sala de reuniões o celular vibrou. Puxou o objeto da bolsa e respirou ao visualizar a tela: "É ela", Camila pensou. Olhou para as pessoas sentadas a sua frente, pediu desculpas seguidas de um com licença e rapidamente percorreu os corredores da instituição onde trabalhava. Logo tratou de entrar no primeiro banheiro que viu, o banheiro da copa. 
"Oi" disse tentando disfarçar o tom embargado. 
"Oi", alguém disse do outro lado da linha. 
Camila respirou profundamente tentando dizer algo e não conseguiu, seus olhos percorreram aquele cubículo em que ele estava, sentia o peito apertado e se perguntava se realmente deveria ter atendido a ligação (Ah, Camila, agora é tarde, você já atendeu). 
"Camila?" a voz no aparelho lhe tirou do transe de sua própria mente.
 "Oi, Júlia". 
"Deixa pra lá, vai? De nada adianta esse papo de agora não dá. Você sabe que esse lance de um tempo nunca funcionou pra nós duas". A voz de Júlia era firme, mas ao mesmo tempo doce, um doce convidativo, daqueles que Camila adorava. 
Camila queria correr para os braços dela, mas não podia, não dessa vez. "Não, Júlia. Não dá mais". 
"Ok. Camila". O orgulho tomou conta de Júlia, mas ela precisava saber da garota que amava, não podia deixa-la ir assim. Sua voz ficou dura, mas as palavras eram de amor "Então, sempre que der mande um sinal de vida de onde estiver dessa vez, qualquer coisa que faça eu pensar que você está bem ou deitada nos braços de um outro qualquer". 
"Então você acha que isso é melhor? Eu não vou ficar alimentando essa dor, Júlia. Chega, acabou". 
"É isso mesmo que você quer Camila? E sim! É melhor do que sofrer de saudade de mim, como eu tô de você, pode crer. Que essa dor eu não quero pra ninguém no mundo, Imagina só pra você". Ela respirou profundamente e continuou. "Quero é te ver feliz, mesmo que seja nos braços de um outro qualquer, desde que te faça bem. Quero te ver dando volta no mundo, aproveitando a vida. E eu vou continuar rezando pra um dia você se encontrar e perceber que o que falta em você sou eu". 
Camila sorriu com as últimas palavras da garota. "Você sabe que está sendo contraditória, né?". 
Júlia sempre foi inteligente, tinha uma conexão forte com Camila ao ponto dela lhe mandar uma música e a garota focar justamente na parte que Camila gostaria. Uma completava os pensamentos da outra, intensas, dramáticas, dignas de um filme de oriental (os melhores). 
"Sim, eu sei". Júlia respondeu. "Deixa o orgulho de lado, garota. Eu estou aqui, para". 
"Não, Júlia. Chega. Eu não vou dar sinal de fumaça, acabou. Para. Vou desligar". 
"Então diz, diz Camila, diz que você não me ama mais". 
O silêncio se fez durante alguns minutos e ela sussurrou: "Eu não te amo mais".
As lágrimas escorreram sobre o rosto de Júlia, e mal sabia ela que durante o silêncio elas já escorriam sobre o rosto de Camila. "Aguenta firme", Camila pensava. Não queria demonstrar o choro, a fraqueza, a dor, a saudade e aquele amor querendo gritar: "Fica, eu te amo". 
"Ok! Camila". 
"Então é Adeus". Adeus, aquela palavra que Camila odiava, mas precisou fazer uso. 
Júlia só conseguiu sussurrar: "Adeus". Nada mais, nada daquele sentimento que explodia em seu peito. 
Antes de desligar Camila respondeu: "Vê se não morre, toma cuidado, mande notícias, seja um sinal de fumaça". 
Júlia se viu no meio fio da rua entre lágrimas, dor, um vinho barato sobre os pés, o cigarro em uma mão e o telefone caído ao chão. Mas diante daquelas últimas palavras de Camila, ela sabia, sabia que aquele "eu não te amo mais" foi a frase mais falsa já pronunciada pela garota que ela amava. 
E Camila? Ah... Camila enxugou o rosto, segurou as lágrimas, deu uma olhada no espelho e voltou para a reunião. 
A noite elas estavam em camas separadas, mas seus travesseiros pareciam o mesmo, molhados, amassados, testemunhas do enterro de sentimentos fortes demais para serem vividos por garotas tão intensas, mas ainda pequenas. 

3 anos depois o celular de Camila vibrou. na mensagem dizia: Estou bem e espero que você também esteja bem. Esse é o meu sinal de fumaça. 
Ela discou o número, alguém atendeu. Era ela. A voz dela. 
"Alô?"
"Esse é o meu sinal de fumaça" 
"Oi". Aquele Oi não era um Oi qualquer, era um Oi seguido de um "Camila", e não demorou muito para que ele aparecesse. 
"Oi, Camila". Júlia repetiu. 

E elas continuavam pequenas, porque não percebiam que só seriam grande juntas. 

Vai!

Se estás indo embora, vais! 
Vai, por favor. Vai! Mas vai sem olhar pra trás. Leva contigo aqueles abraços em dias frios, aqueles olhares desnudos da alma, aqueles risos bobos pós beijos. Na mala, por favor, coloca as lágrimas que não cabem mais aqui. Puxa a toalha da história que bordamos, pode levar também. Junto com ela leva aqueles talheres que usamos para saborear sonhos, medos, incertezas, sentimentos e palavras. Por falar em palavras, juntei todas em um potinho... Meu amor, te amo, saudades, saudades da sua voz, dorme comigo? Entre outras. Leve! São suas, sempre foram. 
Por favor, vai! Comigo deixa apenas o meu coração. Deixa esse pequeno botão que de tanto você rasgar e deixar cair no chão respira sufocado... não tem agulha e linha que o remendem aqui, em mim. Vai! Vai, mas deixa ele. Deixa que dele cuido eu, que dele serão meus beijos, carinhos e abraços. Que talvez esse botão não precise de agulha nem de linha... Precise de quem realmente o regue com cuidado. 
Vai! Mas não olha pra trás, esquece meu nome, meu endereço, telefone... E até aquele retrato guardado no bolso da sua mente, rasgue-o! 
Se um dia você me quis o mínimo bem, se vai, não volte do nada, por acaso, pois meu coração não é circo, embora desse circo eu tenha sido a única feita de palhaço.


Precisamos falar sobre FRANKIE

Na série Grace and Frankie, Frankie é uma mulher na faixa dos 70, mas está longe de ser dessas velhinhas que ficam na cadeira de balanço tricotando (nada contra). Ela é intensa, pinta, dança, canta alto, come sem culpa, ama sem culpa, fala gírias, é sincera e mente aberta. Não esconde suas falhas, seus medos, nem faz transferência de culpa. Frankie é incrível. Uma mãe compreensível e dedicada, uma esposa amiga e uma amiga que "todos" gostariam de ter. Ela faz misturas estranhas com a comida, gosta de balões (aaah Frankie, te entendo), é criativa, usa roupas fora de moda, mas que a fazem se sentir bem, tem seu próprio estilo, faz o que ama, fuma maconha, tem a mente aberta, ri quando quer rir e chora quando quer chorar (isso é importante), todos os que a conhecem logo a acham estranha e louca. E sabe porquê precisamos falar sobre Frankie? Porque em um mundo onde somos obrigados a agir como querem, pensar como querem e cada dia nos afastarmos de nós mesmos, ser Frankie é uma raridade. Frankie é uma mulher que tem gostos estranhos, medos estranhos, um estilo de vida que muitos condenam, mas é ela, ela mesma, do jeito que quer ser e dane-se o resto. Ela não tem meias palavras e é apaixonante por isso, porque ser quem você é só causa duas coisas nas pessoas: paixão ou sentimento de repulsa por não conseguir ser igual. Quem não se apaixonaria pela alma que Frankie é? Tao desnuda, tao ela, tão apaixonada por si mesma. E ela está longe de se conhecer, viu? Mas isso é divertido, porque todos os dias ela está disposta a aprender mais sobre si mesma, sobre o outro e o mundo. Frankie se basta, e por se bastar conheceu Jacob, ela não precisava de um homem para se autoafirmar, ela ficou com ele porque quis ficar, porque gostou... E sabe do que ela gostou? De Jacob a transbordando mais do que ela já trasbordava, dele  a compreendendo e fazendo parte das suas loucuras. Jacob é alguém cuja pupila dilata, e não estou falando de sexo, estou falando de aceitação, presença, sentimentos bons, companheirismo, estou falando de admiração pela mulher que Frankie é, estou falando de um patamar do amor que poucos conseguem chegar. Não importa se Frankie usa verde e Jacob odeia verde, é o gosto dela, existe respeito. É Frankie quem ele ama, e a roupa ele pode tirar! Falar sobre Fankie é uma delícia, ao escrever sobre ela parece que estou vendo aquele jeito contemplativo, único e cheio de liberdade. Ela se basta! E foi assim que se tornou a minha referência de mulher adulta. Ela é admirável! 

É normal sentir tanta saudade assim? É algo que não cabe em mim, parece que a qualquer momento algo vai vir do meu estomago, passar pela garganta e explodir boca a fora e eu vou sussurrar: "saudade". Não! Eu não conseguirei gritar, parece algo sufocado, mas não me sinto sufocada, só a quero aqui pra matar isso que me mata. É como se um buraco estivesse se abrindo dentro de mim e a mínima aparição dela é capaz de fazer com que tudo pare. Saudade me consome, me corrói, me devora por dentro. É o riso dela, o jeito como ela dá bom dia, boa tarde e boa noite, os lábios dela sobre os meus, quando ela pergunta se pode me beijar, é o olhar dela pairando sobre mim e eu tentando desviar o quanto fico desconcertada, é sua voz, o jeito como ela me chama de Pry, a forma como ela discute comigo, como tenta resolver as coisas, como diz que me ama. Aaah. Essa saudade é amor... E dessa vez não vou escrever mais um texto pra dizer que morro de saudades porque a amo por inteiro, é tão somente porque quero vê-la, esteja onde estiver, é tão somente porque a primeira coisa que quero ao  fechar e abrir os olhos é vê-la, poder tocar seus lábios com os meus, beijar sua boca de forma suave, mas intensa de tão apaixonada, deslizar minha mão direita sobre a maçã do seu rosto, contracenar o meu olhar com o dela e dizer: eu te amo, ainda estou com saudade. 

Porque tem coisas que só se matam depois de um dia inteiro na cama.
                                                                                  E eu não estou falando de sexo.

Sob o olhar de uma criança...

F. 2 anos: Tia, o meu cabelo é cacheado, olha.
Eu: É... Igual ao meu.
F. 2 anos: Não, Tia. O seu cabelo é mais. É um monte de bolinhas vermelhas.

Precisamos falar sobre TITA


Tita tem 2 aninhos. Recentemente estava na piscina de areia com ela, construíamos castelos com baldes e mais baldes de areia. Enchiamos o balde, viravamos, batiamos e voilá, lá estavam as torres do nosso castelo. Mas toda vez que o castelo ficava pronto Tita o destruia com avidez, metia a pazinha sem dó nem piedade. Comecei a me chatear com Tita, que não deixava o castelo ali por muito tempo para ser apreciado. Mas passei a perceber algo incrível, Tita destruia o castelo, mas logo começava a encher novamente o baldinho e reconstruir o castelo, por diversas vezes. Tita não estava preocupada com o castelo, mas com o processo, a graça de fazer, de montar, de encher o baldinho, ver o castelo lindo e desfazê-lo para então refazer. Tita não estava destruindo, ela estava construindo muito mais do que eu ou você já pudemos ter o discernimento em aproveitar o processo, em ver o produto final e não se apegar ao fim, em não precisar do fim para se sentir realizada. Essa semana eu aprendi com Tita. Aprendi sobre reconstrução, sobre aproveitar o processo, sobre desapego.

Amanda









Vai, menina. Desapaixona enquanto ainda é tempo.
                     Desama, enquanto ainda é tempo.
                     Esquece o tempo...
                     O tempo de vocês passou faz tempo.
                     Então porque você ainda continua tentando?
                     Saiba a hora de parar
                     E PARA!
                     Você vai se machucar de novo,
                     De novo
                     E de novo!
                     Desagonia, desama, DESENCANA!
                     Ela não é pra você, ela não é "Amanda".  

EU MEREÇO ESTAR COM ALGUÉM COMO VOCÊ.


Eu estou apenas engatinhando nessa coisa cheia de sentido e sem sentido chamada amor. Eu ainda tenho muito o que aprender, mas eu mereço alguém como você. 
Eu mereço acordar e sentir seu braço sob o meu pescoço, me aninhando em seu abraço, eu mereço esse seu riso quente e sua gargalhada mais gostosa, mereço seus olhos sobre mim, que me descosturam completamente fazendo-me sentir nua. E quero me sentir cada dia mais nua com você, quero despir minha alma e deixar que você me conheça por completo, que a cada dia você tire uma peça de roupa e descubra uma nova parte de mim que você imaginava não existir. Quero compartilhar meus medos, anseios, conquistas e sonhos com você. 
Eu mereço alguém como você, alguém que vai ter a coragem de atravessar a cidade pra me encontrar, alguém que vai aparecer de surpresa no trabalho, na universidade, no meio do meu caminho, só pra dizer que me ama e dar aquele beijo que puxa os meus lábios de forma lenta, toda apaixonada. Garota, eu te seguiria para qualquer lugar, eu realmente mereço alguém como você. Alguém que vai questionar com quem eu estou falando, o porquê de não ter atendido a ligação. Alguém que vai morrer de ciúmes, mas que mesmo assim vai dizer: "Eu confio em você, vá". 
Eu mereço alguém como você, que vai mudar um pouquinho a cada dia porque quer ser o melhor que pode ser, não por mim, mas por si mesma, por nós. Alguém que vai rever cada partícula de si para que as coisas caminhem bem. Eu mereço alguém como você, alguém que vai dizer: "Para de ironia e fala sério comigo", alguém que vai falar baixinho mesmo diante de uma briga, que vai sentar e dizer o quanto eu estava errada, que no outro dia vai questionar: "Você pensou no que eu te falei"? Eu mereço alguém como você, esse alguém que vai chorar só de pensar que pode me perder, alguém que não vai desistir, que vai ficar mesmo quando eu disser pra ir, e que está disposta aprender que quando eu digo vai é porque eu quero que fique. Alguém que me abrace e dê colo. Alguém que vai apontar meus erros de um jeito todo carinhoso e dizer que quer apenas que eu pense neles. Eu realmente mereço alguém como você, alguém que mexe com todas as minhas emoções, que me faz sentir viva, confusa e ao mesmo tempo me descobrir, descobrir que tem mais em mim do que eu imaginava que tinha, alguém que vai me fazer baixar as armas, guardar a armadura e desejar parar de controlar os meus sentimentos. Eu mereço alguém como você, que me mostre o quanto a vida ainda tem pra me oferecer, que seja tão mais confusa do que eu e ao mesmo tempo me ofereça encontros comigo mesma. Eu mereço estar com alguém como você, garota. Alguém que me faz engolir o orgulho, que não me deixa desistir. Uma vez disseram que você era o meu precipício, e logo eu que não gosto de arriscar, que não gosto de pular no desconhecido, eu pularia nesse precipício chamado você. Porque eu mereço estar com alguém como você. 

Então... Diga alguma coisa, eu não estou desistindo de você. 


A Great Big World, Christina Aguilera - Say Something.