sábado, 24 de setembro de 2016

A Morte, traiçoeira morte.

            De um lado está ela, do outro eu, no meio a morte. O cheiro da morte tem invadido constantemente o meio do salão onde estamos. A não esperada morte chega e rodopia pelo salão, dança uma música suave e passa como uma brisa leve entre nós ao ponto de mover nossos cabelos soltos. Entre nós três está uma cova, sobre ela um caixão. É como se cada dia enterrássemos alguma coisa. E eu, e ela, tão cansadas para irmos à luta, tão cansadas para dizermos qualquer coisa, apenas deixamos ir. Sensações, sentimentos, lembranças, fotografias, cheiros, frases, palavras, tudo de vivo entre nós dentro de um caixão clichê, marrom, frio, oco. A morte nos observa, nota nosso semblante sereno e se  contrai em um resquício de riso com a nossa falta de resistência. Ela pega em nossas mãos e nos convida para uma dança, a última dança, o último ato. Mesmo cansadas nos entregamos ao baile, a morte sempre entre nós, ela não permite que nos toquemos, pois o mínimo toque pode reavivar algo, pode colorir o salão, quebrar o caixão, soltar os sentimentos e sensações. E a morte... Ah, a morte não quer isso, ela só quer A Morte! 



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