Tem uma música de Wesley Safadão que repete muito uma frase que define perfeitamente algumas pessoas: "Tô vendo que você é muito gelo e pouco whisky". Toda a canção fala de uma pessoa que fala demais e nada faz, que se pabula demais, que quer tudo, mas que nada oferece em troca. Não estou falando que a vida tem que ser medida assim, entre dar e receber, estou falando que, naturalmente ninguém quer dar amor e não receber nada ou receber ingratidão. Ninguém quer suar estudando, dar o caderno para alguém copiar e quando precisar dessa troca ouvir um não. Tem gente que é como parasita, gruda em nossa pele e só suga, são os famosos vampiros energéticos. E ter pessoas assim do nosso lado nos adoece, do mesmo jeito que apenas servir e nunca ser servido também adoece. Imagine se o tempo todo você só desse, desse o seu carinho, o seu amor, a sua dedicação, e nunca, absolutamente nunca tivesse essa retribuição, como você se sentiria?
Infelizmente o mundo está recheado de pessoas que são muito gelo e pouco whisky, pessoas que rezam o pai nosso e quando chega na parte "seja feita a sua vontade" elas pulam. Fica exatamente assim: Venha nós o vosso reino (...) assim na terra como no céu". Pessoas que adoram chegar em casa e ter comidinha pronta, roupinha lavada, mas que nunca sequer tirou do varal a roupa daquela pessoa que passa o dia todo lhe servindo. Tem gente que parece não ter um filtro e não entender o sentido de coletividade. A peneira no cérebro dessa pessoa é rasgada e ela só coloca uma peneira nova quando se trata de seus desejos pessoais. O mais assustador é ver o discurso desses seres, são discursos aparentemente empoderados, que nas rodas de diálogo falam da importância da troca e da coletividade, mas vivem sugando o outro em tudo e nem com uma bolsa de sangue ele retribui. Muito mais do que pregar, a gente tem que viver. Tem que entender que existem momentos em que é preciso sim, ser mais gelo do que whisky, mas que em outros, é necessário caminhar junto, é necessário dar as mãos. Nem só de autossuficiência viverá o homem, mas também da interação com o outro, do contato, da troca.
Claramente o contexto da música não foi feito para esse tipo de discussão, mas é bem verdade que ele serve, e como serve. Tem gente que de fato, é muito gelo e pouco whisky. E cabe a nós jogar tudo fora e procurar um lugar ao sol, um lugar em que se tenha gelo e whisky na medida certa para nós.
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