Seus corpos roçavam levemente em uma sincronia quase perfeita, não mais perfeita porque Amélia resolveu aumentar o ritmo enquanto Ingrid enlouquecia tentando acompanhar o movimento do corpo dela sem desfalecer em seus braços com o prazer que sentia. A garota gemia enquanto os dedos de Amélia a penetravam e faziam um vai e vem lento, mas intenso. Seus dedos alternavam e cada vez que isso acontecia Ingrid arfava e se contorcia mais. Amélia parecia sorrir de canto com a cena, se deliciando com ela.
Não demorou muito para que ambas chegassem ao êxtase completo e seus corpos cedessem ao prazer. Ingrid deixou a sua cabeça pender sobre o corpo de Amélia e ela, por sua vez, envolveu a garota com os seus braços e a contraiu contra o seu corpo. Enquanto as duas se tocavam, acariciando uma a outra de forma singela, a cabeça de Amélia parecia estar longe, seus olhos estavam fixados na parede ao seu lado e vez ou outra sua expressão facial se modificava como se ali estivesse um telão onde alguma cena estava em ação e ela tentava compreendê-la. Respirou fundo e sussurrou: "Ai, queria uma taça de vinho agora". Sem olhar para ela, Ingrid completou: "E um cigarro". "Espera um pouco" Ingrid falou levantando-se da cama, sem dar chance de Amélia perguntar o que era. Não demorou muito para ela se questionar se Ingrid teria ido buscar os desejos de ambas.
Amélia estava certa, Ingrid voltara com uma taça com vinho e um cigarro aceso entre os lábios. Entregou a taça nas mãos de Amélia, que logo deu um gole. "Fuma comigo?" Ingrid pediu. Fazia tempo que a jovem não fumava, mas não quis fazer desfeita, levantou pegando o cigarro entre os dedos e se dirigiu até a janela ainda nua, sentou sobre o batente, um pé balançando no ar e outro apoiado no mesmo obrigando o seu joelho a ficar dobrado, deu o primeiro trago. Fechou os olhos e respirou fundo, aquele trago trouxe as mesmas lembranças da parede em que ela olhava. Amélia não conseguia esconder, não conseguia não pensar. Lembrou daquela garota, da garota dizendo o quanto um cigarro fazia mal e que o seu pai havia sofrido muito com ele. Sorriu um sorriso amarelo e triste, deu outra tragada, engoliu, e quando a fumaça tomou conta de parte da sua visão ela mais uma vez deu de cara com o nada, o nada que era tudo.
A garota não saia da sua mente, aquela situação era terrível, como alguém podia ter tido uma noite maravilhosa de sexo e ao invés de pensar na mulher ao seu lado pensava na mulher ao longe? "O que foi?" Ingrid questionou se aproximando enquanto seu corpo se encaixava entre as pernas de Amélia. Ela saiu do transe em que estava, olhou a mulher a sua frente, acariciou o seu rosto e mais uma vez sorriu um riso triste... "Nada, Ingrid. Nada". Aquele 'nada' de Amélia sempre era algo, era tudo, mas Ingrid ainda não sabia disso e por isso deixou pra lá, apenas saboreou o momento. Infelizmente Amélia não conseguia fazer o mesmo, ela não queria aquele cigarro ruim, ela queria apenas o sexo bom e a taça de vinho, talvez até o cigarro, se 'ela' quisesse, mas 'ela' não era a Ingrid, 'ela' não estava ali.
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