Raramente eu fico com raiva de alguém, na verdade, até quando eu digo que estou com raiva de outrem eu estou mesmo é com raiva de mim. Esse desassossego no peito é grande, até quando o sossego se instala ele teima em se fazer presente. É um como uma única espinha dentro de uma panela cheia de bacalhau desfiado, eu sempre tenho a sorte de dar de cara com ela. E aí eu não fico com raiva de quem deixou a espinha passar, fico mesmo é com raiva de mim que comi o bacalhau embora tivesse ciência do tamanho do meu azar. Fico irritada é comigo que fui adiante, fico (como dizem) "puta" porque me doo demais, porque penso demais, porque me importo, porque sinto, porque faço o que não devia fazer, porque a razão diz não, o coração diz sim e eu digo talvez. E é esse desassossego que costuma fazer parte de mim, e ele já está tão enraizado na alma que sou, tão profundo em mim, que por vezes sinto sossego no desassossego, e quando ele deixa de existir pra ser apenas sossego eu já não me reconheço mais.
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