Algumas pessoas agem como reis, com alguém sempre a dar-lhes comida na boca, a servir de bobo da corte para os seus risos histéricos, estão sempre rodeadas de pessoas que fazem o que elas querem, por isso nunca sujam as mãos. Quem tem tudo a disposição nunca precisou ir à luta, não sabe nada do mundo, é fraco diante de qualquer situação e vai sempre precisar de alguém para fazer algo por ele. Súditos conhecem do mundo, são fortes, matam um leão por dia e ainda bebem seu sangue, só ainda não perceberam que não precisam de um rei. Reis não colocam a mão na massa, são fracos e covardes, sugam do povo e nunca estão na linha de frente. Precisam muito mais dos seus súditos do que os súditos deles. Podemos dizer que um rei tem no mínimo inteligência para manter quem quer ao seu lado, com adornos ele vai manipulando, fazendo quem nunca se curvou ser um verdadeiro submisso. Ainda assim, ser assim não é digno de glória, é digno de desprezo. Por mais inteligente que um rei possa ser, quando na mente não existe a honestidade, tudo padece. Ninguém sofre da síndrome de Estocolmo para sempre, uma hora o maior medo de um rei torna-se realidade: "O véu da ignorância do povo cai". E por mais que um rei, diante de toda a sua riqueza, consiga se salvar, algo nele não será facilmente salvo: O seu caráter. Sendo assim, não seja um rei, prefira ser um súdito.
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Reis são covardes!
"Ouviu falar de reis que saem para passear pelo seu próprio reino? Não, é claro que não. O rei permanece em seu castelo. Sabe por quê? Porque quando o rei deixa seu trono, dá a oportunidade aos inimigos para reclamá-lo. Não é inteligente da parte de um rei" - Filme Rebelião.
terça-feira, 22 de novembro de 2016
Por que o mundo não está em ordem como nos livros?
Nos livros existe uma simetria, algo contínuo, início, meio e fim. Se o escritor não consegue preencher lacunas, dar continuidade, coesão e coerência, ele é tido como um péssimo escritor. E o que dizer de quem escreveu essa história chamada mundo? Cada dia mais perverso, mais louco, confuso, ao contrário. Não tem simetria, não tem continuidade, em cada caminho surgem outros caminhos, pedras, bifurcações, e você se perde sem saber o que escolher e antes mesmo de escolher já tem que arcar com as consequência de uma escolha que ainda não fez.
Talvez fosse bom se o mundo fosse como nos livros, onde no fim todo mundo é feliz e você fica com aquele gosto de uma bela história saboreada. Eu ate agora só sinto um gosto amargo chamado: Dúvida. É não saber pra onde ir, o que fazer com aquela proposta, que tema de TCC, estudar politica ou questões LGBT, otimizar o tempo ou aproveitar o tempo, mudar de emprego, em quem votar, em quem confiar, será que me apaixonei, será que ainda a amo, é recíproco, o quanto ela sente ainda por mim, o que eu vou fazer com a saudade amanhã, porque hoje eu não fiz nada, o que eu posso fazer pra ajudar ou será melhor não me meter? Nos livros tem respostas... E embora Sócrates tenha dito que não são as respostas que movem o mundo, mas sim as perguntas, confesso que tudo poderia ter no mínimo um pouco de ordem, como a ordem dos livros.
Texto inspirado no filme: Paranoia.
Me apaixonei pelo que eu inventei de você (8
Talvez você não seja tudo isso que eu acho que é. Eu precisava tanto de uma versão, uma boa versão e aí você apareceu, me dando a chance de transforma-la no que eu quisesse. Intacta, mesmo sabendo de todos os defeitos, fantasiei. Fantasiei carinho, atitudes, olhares, toques, fantasiei reciprocidade. E agora, olha eu aqui, pensando em você, querendo um oi, um bom dia, um olá qualquer. Eu gostei tanto dessa fantasia que passei a vive-la mais do que eu deveria. Quantas vezes encostei a cabeça na parede do banheiro e enquanto a água do chuveiro molhava o meu corpo eu fechava os olhos e por alguns segundos eu projetava cenas com você em minha mente, seu olhar, sua voz, seu toque, sua respiração, a troca de olhares, você ao meu lado... Apenas você. Eu projetei tantos "e se's" que agora nem sei o que de fato existe. Eu sei que você existe, ao menos a sua existência não foi projeção da minha mente. Isso me machucaria muito se fosse verdade.
Mas o que eu fiz de você não foi real. E cada vez que o véu cai um pouco e descobre os meus olhos, dói. Chega de criar cenas, de te imaginar, de te consertar ao meu bel prazer... Não teve olho no olho, não teve carinho, não teve reciprocidade. Tiveram apenas momentos impulsivos, o que não significa que teve sentimento. Sentimento é outra coisa, sentimento é o que guardo aqui no peito, sentimento que não fantasiei, que me fez viver cada pequena sensação... Mas agora chega! Chega de falar de você, chega de te imaginar, desenhar, fantasiar. Cansei desse sentimento, ele tem que morrer!
Sobre dominar o mundo.
Foi por essa garota que eu transbordei de amor. Uma mulher menina, que no começo não tinha sonhos, não queria seguir ou ser nada em especial, mas com o tempo se descobriu pra vida. Com um riso lindo e solto, com uma dor nos olhos, um outro eu dentro de si, que ela teimava em não querer mostrar pra mim. Bem humorada, inteligente, questionadora, esperta, taurina com ascendente em escorpião. Eu sempre vou lembrar dela da forma mais doce que alguém pode se lembrar de outra pessoa. Vou lembrar da nossa primeira música, que antes mesmo de sabermos o nome já dizíamos que era nossa, da emoção de buscá-la no aeroporto, dos abraços, do sexo, dos risos, das pizzas, daquela pizza devorada em 3 minutos, dos sustos, das brigas que terminavam em beijos, abraços e sexo, dos conselhos, das cartas trocadas, das lágrimas compartilhadas, da aceitação de uma a outra e dos quase 4 anos vividos e do que não contamos porque estávamos ocupadas demais curtindo uma a outra. E sabe do que mais eu não vou esquecer? Do anseio bobo dela em dominar o mundo, dos 30 segundos de dominação diante de um liquidificador. Do riso diabólico e brincalhão dela enquanto batia a vitamina. Ela jurava que isso era dominar o mundo, mas deixou de perceber que durante muitos anos ela foi parte do meu mundo. Juntas dominamos o mundo e fizemos dele um lugar gostoso para morar. E isso? Isso é algo que eu vou levar comigo. Cada gota de amor transbordada foi espalhada diante do mundo que vivemos, contagiamos pessoas, inspiramos, aproveitamos e fomos felizes.
É, Daflon... Eu te amei por mil anos e te amaria por mais mil.
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
#Antigos8
Hoje foi o ultimo dia que eu a vi, seus olhos estavam fechados, a sua maquiagem intocável, as maçãs de seu rosto pareciam sorrir para mim, pele límpida, fina, macia. Seus cabelos, o vento brincava com eles. Ela estava ali dentro, paralisada, não mais se levantaria, não mais abriria os olhos, não mais me diria doces palavras, ou brigaríamos pelo nada. Não haveria mais eu te amo, só a lembrança do que fomos e minha doce imaginação ao pensar no que poderíamos ter sido.
Ela se foi para não mais voltar.
As lágrimas desciam involuntariamente, um filme passava em minha mente, a felicidade que foi tê-la comigo todos aqueles anos e o quanto eu gastei meu tempo com besteiras e discussões fúteis enquanto poderia estar abraçado com ela. Agora se foi, ela estava em minha frente, dentro de um caixão, pronta para ser levada terra abaixo enquanto eu gritava seu nome e tudo que conseguia dizer era: "Não me deixe; não se vá", mas ela não me ouvia e eu sabia disso, sabia também que um dia aconteceria, mas eu não estava preparada para aquilo, Nunca estamos preparados para dizer adeus a quem verdadeiramente amamos.
Eu falava baixinho: "Você foi tudo, me perdoe, eu podia ter feito melhor, aproveitado mais, eu te amo". Era um misto de dor, solidão, desespero, perda, tantos sentimentos misturados, tantas visões em minha mente, meu coração descia com aquele caixão terra abaixo, e nada do que alguém me dissesse servia de conforto... – "Vocês não entendem? Eu a amo, eu a amo, e ela se foi, ela se foi". As últimas palavras saiam em um sussurro, eu queria gritar, correr, subir aos céus e pedir a Deus mais um minuto com ela. Uma parte de mim se foi, meu coração parecia parar de respirar aos poucos, eu desejei estar em seu lugar, eu desejei ser eu ali e não ela, e só assim não sentir a dor que eu sentia.
Tudo que eu podia fazer era gritar, chorar, implorar com todo egoísmo do mundo para que Deus não a levasse, como se ele pudesse fazer algo, voltar o tempo, ressuscitá-la. O desespero tomava conta de mim, eu não sabia mais o que dizer ou fazer.
Ela não me olharia nos olhos pedindo desculpas por uma grosseria, ela não diria o quanto era bom eu estar em sua vida, ela agora só viveria em mim. Minha vida agora seria assim, sem brilho, sem cor, sem ela! "Eu poderia ter feito melhor, eu poderia ter feito melhor", precisei perder, não por segundos, minutos, horas, dias, eu precisei perder ela por todo o resto de minha vida, para só então perceber o quando meu orgulho usou de mim esperando aquele dia, o quanto eu podia ter abdicado de certas coisas por alguém que tanto amei e muitas vezes desprezei, briguei, gritei, fui grossa. Eu podia ter feito mais, ter feito melhor, eu poderia, poderia, poderia... E agora ela se foi e eu não posso mais, eu a perdi, fisicamente... Eu a perdi!
#Antigos7
GULA
Eu tenho um apetite voraz, uma sede incontrolável do néctar doce de seu corpo. Um desejo sedento, rigoroso cheio de excitação e amor. Possuo em mim a pressa de te ter em meus braços, saborear seu abraço, aconchego, amasso. Tenho calma, a calma de aproveitar cada espaço do seu colo, seu beijo, afago. Com ínfima loucura eu chupo seus lábios, com doçura vou diminuindo os intervalos. Eu tenho gula, gula em te amar, te beijar, amplexar, te ter. Eu tenho gula de você.
#Antigos6
Meu pai: Eu não posso ser condenado pelo passado, passado é passado, estou vivendo o presente.
Minha mãe: Se você não se arrepende do que fez no passado e continua cometendo os mesmos erros. Sim, você pode ser condenado.
Eu: Sabe qual é o mal das pessoas? Achar que o passado não condena. Meu bem, o passado é parte de você. Não pense que pode pintar e bordar e porque está no presente não será condenado pelo passado. Se fosse assim todo mundo podia matar, parar de matar, viver o presente e não ser condenado pelas mortes anteriores. E isso é apenas UM exemplo dentre tantos que podemos encontrar. Aqui se faz, aqui se paga. Não pense que porque você fodeu com a vida de fulano no passado, está um doce no presente que não pagará pelo que fez. A vida cobra, cobra com juros e correção monetária. As pessoas confundem passado inacabado com as pazes com o passado. Se no passado você foi o cão, se redimiu, pagou pelos seus atos, ótimo. Mas se você apenas seguiu, e deixou tudo lá sem ser resolvido, não, esse passado ainda não é passado totalmente. É passado por fazer parte de uma época antiga, mas você ainda deve pelo que fez nele. Concordo com a minha mãe. Se você não se arrependeu, não consertou, não fez o que é certo... E o pior, continua no mesmo erro, fazendo as mesmas coisas, pode sim ser condenado. É isso aí.
#Antigos5
A linda música de Cazuza, diz: "Eu quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida". Pobre do ser que não tem tal sorte, olhe que eu nunca fui de acreditar em sorte, mas veja bem, eu não acredito ser merecedora de tal proeza, portanto, me considero, sortuda, muito sortuda, por ter um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida, cheirinho de pãozinho quentinho saindo do forno, com um leve toque de goiabada. Um amor caloroso como um dia quente de verão, e acolhedor como aquele ventinho gostoso do fim de tarde. Eu tenho um amor, um amor só meu e que muitos matariam para conseguir.
#Antigos4
Quem você costumava ser
Sinto saudades, saudades não necessariamente de você, mas de quem você costumava ser. Você era bobo, brincalhão, sincero, aquele herói que toda mulher quer em sua vida, que tira da tristeza, que motiva, que faz bem. Aquele herói que é verdadeiro, leal, que não se desvirtua por qualquer coisa, que não se deixa amedrontar. Mas aí você percebe, todo herói pode se tornar vilão. Ele pode ser corrompido, ele pode mentir, enganar, tornar-se grosso, arrogante, estúpido, irônico de forma desnecessária, pode te esconder coisas, não mais falar tudo o que tem de ser dito na sua cara.. Todo herói pode de fato, decepcionar. Mas sabe o que é pior em tudo isso? O pior sou eu. Eu que crie expectativas, eu que super valorizei, eu que acreditei em um herói imaculado, eu que fiz de você um herói. Esse herói nunca existiu, era alguém comum, com erros comuns, e veja, só, eu cansei das coisas comuns. Você podia não ser um herói, mas era alguém diferente, especial. Hoje? Hoje, você está se tornando apenas mais um.
Sinto saudades, saudades não necessariamente de você, mas de quem você costumava ser. Você era bobo, brincalhão, sincero, aquele herói que toda mulher quer em sua vida, que tira da tristeza, que motiva, que faz bem. Aquele herói que é verdadeiro, leal, que não se desvirtua por qualquer coisa, que não se deixa amedrontar. Mas aí você percebe, todo herói pode se tornar vilão. Ele pode ser corrompido, ele pode mentir, enganar, tornar-se grosso, arrogante, estúpido, irônico de forma desnecessária, pode te esconder coisas, não mais falar tudo o que tem de ser dito na sua cara.. Todo herói pode de fato, decepcionar. Mas sabe o que é pior em tudo isso? O pior sou eu. Eu que crie expectativas, eu que super valorizei, eu que acreditei em um herói imaculado, eu que fiz de você um herói. Esse herói nunca existiu, era alguém comum, com erros comuns, e veja, só, eu cansei das coisas comuns. Você podia não ser um herói, mas era alguém diferente, especial. Hoje? Hoje, você está se tornando apenas mais um.
#Antigos3
E quando eu estou com ela sinto a adrenalina tomar conta de mim, é como se eu estivesse em uma montanha russa, onde no começo, meio e fim eu sou feliz.
Eu acredito que ninguém pode pautar a sua vida diante dos problemas dos outros. "Ah, estou mal, tive uma discussão com fulana", "Mas você não pode ficar mal, lembre-se de que tem gente passando por coisa pior". Realmente, tem pessoas em leitos de hospitais, tem pessoas passando fome, tem Trump lá e Temer aqui, tem milhões de coisas acontecendo. Mas isso não significa que você não possa sentir o que acontece com você, não possa chorar sua dor, sentir sua dor e se lamentar. O que não pode acontecer é você fazer de suas lamentações o seu pão diário. Todo mundo tem dias ruins, devemos nos permitir vivê-los, compreendê-los para assim podermos mudá-los.
Sobre ter um rei na barriga
Dificilmente vejo televisão. Se quero me atualizar basta entrar no Facebook, as páginas de notícias que sigo dão conta de tudo, além das pessoas que tenho no perfil que estão sempre falando do que está em evidência. Mas em um desses dias banais, sentei frente a televisão e estava passando "A terra prometida", na cena, um rei tinha um súdito que provava a comida antes dele, provava para avisá-lo se a comida não estava quente, para que o rei pudesse comer tranquilamente. Em uma dessas provas, o rapaz começou a passar mal, fazendo o rei perceber que alguém tentou envenená-lo.
Se não fosse pelo súdito o rei estaria morto, mas quem disse que ele quis saber disso? Enquanto o rapaz agonizava no chão e pedia ajuda, o rei falava do absurdo de terem tentando contra a sua vida, gesticulava e lamentava tal ato, gritava o quanto era majestoso, maravilhoso e que ele descobriria quem tentara cometer tal ato infame. Se o súdito morreu eu não sei, meus olhos estavam focados no rei, naquele rei egoísta que mesmo vendo alguém pedindo ajuda, sangrando sobre os seus pés, ainda assim só pensava em si.
E não é que algumas pessoas são assim? Dizem que a expressão "ter um rei na barriga" surgiu porque na época da monarquia as mulheres (preferidas do rei) que engravidavam do rei eram tratadas como rainhas, ninguém podia tocar nelas. Elas carregavam (literalmente) um rei na barriga. Hoje a expressão é usada quando alguém se sente superior a outrem, acredita ser melhor, merecer ser tratado diferente etc.
Aqui encaixo a expressão nas pessoas que vivem como esse rei da novela. Pessoas que gostam de falar, mas não sabem ouvir, e se ouvem não é para entender, é para rebater. Querem sempre alguém ao seu lado, mas apenas para despejar seus problemas e dilemas, quando é a vez de ser ombro, afago, carinho, elas simplesmente continuam com aquele discurso centrado apenas em si mesma, sempre procurando uma brecha na conversa para falar de si ou de alguma situação parecida que enfrentou. É complicado lidar com pessoas com reis na barriga. Pessoas que acreditam merecer tratamento especial por uma posição que possuem e/ou que veem a pessoa precisando de ajuda e juram estar ajudando ao falar de si mesmas. Muito mais do que falar palavras de apoio, ouvir é preciso, ser ombro é preciso, ser porto de alguém é preciso. Acredito que quando ajudamos alguém estamos nos ajudando muito mais do que imaginamos.
domingo, 20 de novembro de 2016
Eu nunca fui flor que se cheire, mas doente sou a pessoa mais terrível do mundo. Mas tem quem aguente. Porque o "na alegria e na tristeza, na saúde e na doença", não vale apenas para casamentos. Amor talvez seja isso, se colocar no lugar do outro e entender que em dias de tempestade aquela pessoa pode ser um monstro do mar. Monstro esse que não deve ser caçado, mas afagado.
Desculpe! Você não é pra mim.
Não é que eu não te mereça ou que você não me mereça, eu não te daria essa desculpa esfarrapada de quem não ama mais e está procurando desculpa porque não tem coragem de dizer a verdade. Mas você realmente não é pra mim. Eu continuo aqui porque eu gosto de te ter perto de mim, eu gosto da sua companhia, de quem sou quando estou com você, de quem você é quando está comigo, do quanto somos boas juntas. Eu gosto do seu olhar sobre mim, da sua boca sobre a minha, do seu toque e de como você se controla pra não fazer "besteira". Eu adoro quando você me liga e talvez eu até dissesse isso mais vezes se não sentisse que não devo. Mas você não é pra mim... Na verdade... Eu não sou pra você. Vice-versa? Talvez. E agora eu escuto Rubel e com pesar surgem algumas poucas lágrimas, porque eu queria ser pra você e queria que você fosse pra mim. Se você souber disso vai logo dizer que estou sofrendo, que comecei a sofrer. Não estou! É porque eu tenho essa mania ridícula de sentir tudo intensamente. Não tem nada a ver com você, tem a ver comigo.
E no começo eu disse que não daria desculpas esfarrapadas, e olha eu aqui com algumas das clichês... Infelizmente, nesse caso, no nosso caso, são verdades. Não se preocupe, eu não crio expectativas, talvez eu nunca as tenha criado, porque sempre soube quem você era, desde o começo eu sabia de toda a verdade, eu podia até ver a incompatibilidade de caminhos, enquanto você era direita, eu esquerda. Enquanto você era arroz, eu macarrão, enquanto você era morango, eu chocolate, enquanto você era branco, eu preto, enquanto você levava na brincadeira, eu levei tão a sério. Os beijos que trocamos foi entre uma curva e outra em que nossos caminhos se encontravam, se chocavam, mas logo seguiam distintos adiante.
Mas deixa só eu falar, é meu último instante sobre você, e porque não dizer que em cada curva que nos encontramos eu fui feliz? Sim! Você me mostrou mais de mim, despertou o frio na barriga, o "ela vem?", "será que é ela?", despertou até o que nunca imaginei ser ou sentir... Apaixonada. Em tão curto tempo... Eu nem quis saber do tempo. Mas você não é pra mim. E eu espero que um dia nossos caminhos se cruzem, que a gente se encontre numa terça, sexta ou um sábado qualquer, você caminhando para ir encontrar alguém e eu com as mãos cheias de sacolas. Você de óculos escuros, com aquele short que eu adorava colocar as mãos nos bolsos e puxar você pra mim, com aquela blusa branca de detalhes pretos, enquanto eu também estarei de óculos escuros, aquele que te incomoda por ser tão escuro e não te dar a possibilidade de ver meus olhos. Vou estar de calça jeans, cabelos castanhos, e uma blusa preta (pra variar). Eu estarei procurando uma chave em uma das sacolas, você vai me ver de longe, mas não vai acreditar que sou eu, estaremos tão diferentes.
Por um deslize nos esbarraremos, eu vou levantar a cabeça e... E sabe o que vai acontecer? Vou sentir meu coração gelar como todas as vezes que te vi... Mesmo sem jeito vamos parar, dizer oi, quem sabe nos abraçar? Você vai perguntar se estou bem, eu vou dizer que sim, e ao te perguntar, você vai dizer que sim também. Seguiremos nossos caminhos, ao entrar no carro eu vou respirar fundo, sorrir e lembrar do pouco que vivi com você. Você vai chegar ao seu encontro e ficar com a cabeça nas nuvens, e ao ser perguntada sobre o que você tem, você vai dizer que "nada", e no mesmo instante seus olhos claros estarão perdidos em mim, e minha respiração perdida em você... E assim seguiremos nossas vidas... Porque o que houve entre nós foi um tropeço, um esbarro e de esbarro em esbarro a gente percebeu que eu não sou pra você nem você pra mim... Mas se a gente se esbarrar de novo, tudo bem... A gente segue... Porque a vida é assim.
E no começo eu disse que não daria desculpas esfarrapadas, e olha eu aqui com algumas das clichês... Infelizmente, nesse caso, no nosso caso, são verdades. Não se preocupe, eu não crio expectativas, talvez eu nunca as tenha criado, porque sempre soube quem você era, desde o começo eu sabia de toda a verdade, eu podia até ver a incompatibilidade de caminhos, enquanto você era direita, eu esquerda. Enquanto você era arroz, eu macarrão, enquanto você era morango, eu chocolate, enquanto você era branco, eu preto, enquanto você levava na brincadeira, eu levei tão a sério. Os beijos que trocamos foi entre uma curva e outra em que nossos caminhos se encontravam, se chocavam, mas logo seguiam distintos adiante.
Mas deixa só eu falar, é meu último instante sobre você, e porque não dizer que em cada curva que nos encontramos eu fui feliz? Sim! Você me mostrou mais de mim, despertou o frio na barriga, o "ela vem?", "será que é ela?", despertou até o que nunca imaginei ser ou sentir... Apaixonada. Em tão curto tempo... Eu nem quis saber do tempo. Mas você não é pra mim. E eu espero que um dia nossos caminhos se cruzem, que a gente se encontre numa terça, sexta ou um sábado qualquer, você caminhando para ir encontrar alguém e eu com as mãos cheias de sacolas. Você de óculos escuros, com aquele short que eu adorava colocar as mãos nos bolsos e puxar você pra mim, com aquela blusa branca de detalhes pretos, enquanto eu também estarei de óculos escuros, aquele que te incomoda por ser tão escuro e não te dar a possibilidade de ver meus olhos. Vou estar de calça jeans, cabelos castanhos, e uma blusa preta (pra variar). Eu estarei procurando uma chave em uma das sacolas, você vai me ver de longe, mas não vai acreditar que sou eu, estaremos tão diferentes.
Por um deslize nos esbarraremos, eu vou levantar a cabeça e... E sabe o que vai acontecer? Vou sentir meu coração gelar como todas as vezes que te vi... Mesmo sem jeito vamos parar, dizer oi, quem sabe nos abraçar? Você vai perguntar se estou bem, eu vou dizer que sim, e ao te perguntar, você vai dizer que sim também. Seguiremos nossos caminhos, ao entrar no carro eu vou respirar fundo, sorrir e lembrar do pouco que vivi com você. Você vai chegar ao seu encontro e ficar com a cabeça nas nuvens, e ao ser perguntada sobre o que você tem, você vai dizer que "nada", e no mesmo instante seus olhos claros estarão perdidos em mim, e minha respiração perdida em você... E assim seguiremos nossas vidas... Porque o que houve entre nós foi um tropeço, um esbarro e de esbarro em esbarro a gente percebeu que eu não sou pra você nem você pra mim... Mas se a gente se esbarrar de novo, tudo bem... A gente segue... Porque a vida é assim.
Tecla Reset
"Em algum momento em nossa vida desejamos essa famosa tecla. Seria muito bom se pudêssemos simplesmente resetar".
Enquanto ela falava a garota a sua frente a olhava. Ela esperou por uma resposta, olhou nos olhos castanhos escuros da garota e não as encontrou, foi assim que decidiu continuar.
"Eu sempre disse que era um brinquedo quebrado, não lembro quando comecei a dizer isso, mas é uma verdade que me acompanha. Não consigo imaginar qualquer momento em minha vida sem ela. Mas hoje percebo, percebo que sou um brinquedo que além de quebrado é cortante. As pessoas que o pegam com carinho, que tentam consertá-lo e dar utilidade a ele, acabam se machucando e até sangram com o passar do tempo. Elas não consegue me consertar, tornam-se impacientes e mudam, mudam o humor, mudam sua personalidade, abrem buracos na alma, tudo por um brinquedo quebrado que elas pensaram ser útil".
Ela respirou fundo e a garota a sua frente seguiu o seu passo, mas permaneceu calada.
"É bem verdade que eu aviso, sempre avisei, mas elas dizem não ter medo. No começo elas realmente não têm, mas depois de perceberem o abismo em mim elas se assustam. E por mais que queiram continuar nele, eu não suportaria vê-las se afogando nessa imensidão que sou. Por isso tomei uma decisão"...
Olhou para a jovem esperando ao menos curiosidade da parte dela, um questionamento como: "Que decisão?", mas não obteve.
"Eu vou resetar! Não sei se você sabe, mas existe uma série chamada: "The Vampire Diaries", nela os vampiros possuem a capacidade de bloquear sentimentos, desde que comecei a assistir, sempre me imaginei com esse poder. Porque por mais que eu diga que consigo bloquear determinadas sensações e emoções, elas sempre estão tentando sair pela fresta da janela. E as vezes machuca prendê-las novamente, é como ter que abrir a porta e rever todas, uma por uma, acalmá-las e depois fechar novamente, cada vez com uma fechadura a mais. Sabe quantas fechaduras a porta já tem? Mais de 4. Todas elas reforçadas".
Esperou novamente que a pessoa a sua frente se pronunciasse, mas como ela faria isso? Espelhos não falam!
"Não tenho o poder do Damon, não posso bloquear (por muito tempo) o que sinto, mas posso dizer não. Posso resetar, começar do zero, me afastar de tudo e procurar me conhecer e reconhecer nesse mar de emoções. Eu vou sempre preferir sofrer do que fazer sofrer. Costumava dizer que pior do que sentir era não sentir nada... Talvez eu estivesse errada, às vezes, o melhor é não sentir nada, assim outras pessoas não sofrem".
Fixou o olhar na mulher a sua frente... Era apenas o reflexo dela... Não diria nada que ela não já tivesse dito.
sábado, 19 de novembro de 2016
Ela 1: Meu notebook chegou.
Ela 2: Sério?
Ela 1: Sim. Cheguei e ele estava na cama.
Ela 2: Sério? (empolgada)
Ela 1: (ela ri) Aham. O problema é que perdi tudo.
Ela 2: Sério? (Permanece empolgada, mas levanta o tom de brincadeira).
Ela 1: Sim! Perdi documentos, arquivos pdf, fotos etc.
Ela 2: Poxa, você perdeu nossas fotos. Isso é bom porque aí você me esquece rápido.
Ela 1: Ah, sim. Como se eu precisasse de uma foto pra lembrar de você.
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
"Quem tem limite é cartão".
Conversando com uma amiga começamos a nos questionar sobre o quanto as pessoas desperdiçam tempo se prendendo aquilo que não faz feliz. Do tanto de gente, principalmente as que estão ao nosso redor, que são consumidas por medo, que não se arriscam, não se jogam diante da vida e em determinado momento tornam-se frustradas, insatisfeitas e não sabem lidar com as consequências de suas próprias escolhas. No fim, sofrem uma das piores mortes, a morte do espírito esperançoso, passam a vaguear pela vida se sujeitando a um "tanto faz, tanto fez", e quando chegam aos últimos minutos de suas vidas as únicas lembranças que ocorrem é justamente daquilo que deixaram de fazer, e no leito de morte não há mais tempo para sequer fechar os olhos e dar o último suspiro, que dirá para fazer aquilo que em vida plena nunca se fez.
Será que tudo é realmente no tempo? Quem dita quando é o tempo? É verdade que temos pouco disso... Pouco tempo.... E como diria um grande cantor: "Quem sabe faz agora, não espera acontecer". O tempo é uma construção social, na verdade, nós fazemos o tempo. E essas pessoas que ficam de "cu doce" estão desperdiçando tempo. Podiam estar beijando, transando, chupando, fazendo coisas altamente gostosas. Podiam estar aproveitando a vida, mas não.. Desperdiçam tempo com quem não se ama, com quem não esquenta nem seu corpo, que dirá sua alma. E ficam aí, trocando quem faz o coração delas bater, a respiração ficar ofegante e o corpo tremer. Tudo isso por medo, comodismo, porque se prefere uma falsa liberdade, uma vida cheia de gente, várias bocas, vários corpos, onde na verdade, no fim da noite, quando se coloca a cabeça no travesseiro, só sobra o vazio. Tudo isso ao invés de ser de quem realmente se quer, de ser até de si mesma, de ter algo grandiosamente lindo e gostoso. É realmente um desperdício de tempo, de sexo, de boca, de toque, de companhia, de carinho, de corpo a corpo.
Segundo essa minha amiga, as pessoas desperdiçam tudo por medo, por preferirem ficar no comodismo, não querem arriscar, só querem ficar no mundinho delas. Nem de longe dá para se envolver com uma pessoa assim, é mergulho em lugar raso, traumatismo craniano na certa. Pessoas intensas, envolventes e mergulhadoras como nós precisam estar cercadas de gente que arrisca, que não tenha medo do erro, que ao invés de pensar no como será, de ficar falando em futuro e deixar de viver o agora, viva-o, respire-o e sinta-o. Não nascemos para ficarmos parados, esse limite imposto pelo medo tem que deixar de existir, quem tem limite é cartão.
Arriscar tem seu preço, mas o que na vida não tem preço? Viver, por si só, tem um preço, tem um risco a se pagar. Podemos até arriscar com medo, até arriscar com desconfiança, indo pelas beiradas, tomando cuidados.. Mas temos que arriscar, caramba! Tem que entrar no mar, e se tiver tubarão, a gente dança com eles. Não dá pra viver uma vida sendo barrada pelo medo, escondendo sentimentos; isso cansa, desgasta e a gente perde muito de uma única vida que temos. E finalmente, quando nos dermos conta, a vida passou por nós e sequer deu "Oi" ou "Tchau".. Simplesmente passou!
E se eu disser...
E seu eu disser muito mais do que a Clarice Falcão pode dizer?
E se além do "meio que gosto de você" eu disser que não tem meio, menos, só tem mais?
(Mas eu gosto mesmo de você)
E se eu disser que muito mais do que decorar RG, eu examinaria o seu DNA só pra provar que até na genética a gente combina?
E se eu disser que se for oposto, tudo bem? Porque tudo bem ter alguém tão diferente de mim.
E se... Se eu disser que só de pensar eu sonho com você e a frustração é por não ser real?
E se eu disser que quando você me beija eu sinto o "coração gelar" e a perna tremer?
E se eu disser que eu quero mais tempo com você, todo o tempo do mundo e já pensei em te sequestrar?
E se eu disser que não dá para sermos apenas amigas?
E se eu disser realmente o que sinto? Como é que a gente fica?
E se eu disser que... (Deixa pra lá).
E se eu disser que assim como Chico César: "A sua falta me fez ver o que de mau a vida pode ter"?
E se eu disser que digo isso porque você me bagunça, mas ao mesmo tempo me organiza?
E se eu disser que nunca menti pra você, mas também não disse toda a verdade?
E se eu disser que talvez sinta mais do que deveria sentir?
E se eu disser que... Promessas e contratos sem jeito a gente dá um jeito de quebrá-los?
E aí? E se eu disser? E se eu disser...
Ela 1: Você vai perder esse ônibus
Ela 2: Para de ficar agourando.
Risos...
Ela 2: Olha só, se eu perder esse ônibus eu vou bater na sua casa e te dar uns cacetes.
Ela 1: Duvido! Vai é me encher de beijos.
Ela 2: Vou não, vou bater mesmo.
Ela 1: (fica séria e depois ri) Tem certeza?
Ela 2: Tenho. Absoluta.
Ela 1: Certeza mesmo? Okay.
Ela 2: Claro que tenho. Certeza absoluta. Primeiro a gente bate, depois a gente beija.
Risos.
E foi assim que ela foi embora... Querendo pegar o ônibus enquanto a outra queria que ela ficasse um pouco mais. No fim... Ela chamou o nome da outra e disse: "Tchau". E embora a outra não gostasse de quem chamassem ela pelo nome, mas sim pelo apelido, viu que o seu nome saiu bonito entre a voz e o riso dela. Foi a primeira vez em muito tempo que ela gostou de ouvi-la dizer o seu nome.
domingo, 13 de novembro de 2016
Na ânsia de se encontrar ela se perdeu.
E embora perder também seja uma forma de se encontrar, ela não soube lidar.
Quis tanto que nada teve.
Sempre tão cheia por fora e vazia por dentro.
O tanto que tinha era o nada em sua vida
Pois tinha tanto que no tanto se perdeu.
Perdeu, perdeu, perdeu e fez questão de fazer isso durar.
Já que na ânsia de viver tudo, nada viveu, pois o processo ela não soube aproveitar.
Virou contorcionista, passou a trabalhar se contorcendo por não demonstrar amor.
Se contorcendo para não se "prender" (era o que ela dizia), sem imaginar que se prender seria sua alforria.
E se contorcendo em suposições, em "e se", ela foi levando a vida.
Tão perdida por não decidir, essa menina.
Ela que dizia ser quente não imagina o quanto foi fria.
Ela que dizia ser livre nunca fora livre um dia.
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
Não podemos nos esquecer.
Miquésia.
Como algumas pessoas se esqueceram facilmente de você, não é mesmo? Elas passam todos os dias por aquele caminho nebuloso com cheiro de morte e ainda assim não se recordam de você. Não sei se isso faz diferença, mas eu não te esqueci. Eu lembro de você não apenas quando passo por ali, lembro de você todos os dias, em diversos horários e lugares. Você não me conhece, e talvez eu nunca possa ter a oportunidade de trocar uma simples palavra com você, mas é fato que você está diariamente em meus pensamentos, que mesmo sem te conhecer, quando você fez aquilo levou um pouco de mim e deixou um pouco de você comigo. Podia ser eu ali, mas foi nós!
Eu queria ter chegado minutos antes, ter olhado pro céu e ter te percebido ali, ali tão perto de se jogar daquele prédio monstruoso. Eu teria gritado, entrado e corrido até você. Não teríamos espaço para apresentações, mas eu pegaria na tua mão e falaria que o ato em si não iria te salvar da dor, não iria amenizar nada. Eu te daria mil e uma razões para viver, eu choraria com você, te puxaria dali, não soltaria a tua mão por nada, mesmo que isso implicasse em cairmos juntas.
Tua mão pequena naquele chão, eu lembro dela desfalecida, lembro do seu corpo pequenino, da sua cabeça cheia de sangue, do quanto as pessoas foram cruéis tirando fotos, do quanto você demorou a sair dali e ser cuidada. Me desculpe por não ter feito nada! Eu queria ter salvado você! Me desculpe por não ter conseguido chegar antes, por não ter te percebido por entre a multidão, por ajudar na perpetuação de um mundo sem afeto, de uma universidade sem amor.
Sabe, eu ainda escuto piadas sobre o prédio, ainda escuto as pessoas brincando: "Vou me jogar do CFCH"; "Ah, tá mal? Se joga do CFCH"... Elas não sabem o que falam, não são como nós que vimos a morte de perto. Peço desculpas por elas também.
Eu não sei qual era a tua angústia, mas a imagino todos os dias. Eu não sei o que passava pela sua cabeça na hora, mas cogito quais eram os teus pensamentos. Não sei quantos minutos durou a queda, dizem que tudo acontece muito rápido, mas eu duvido que você não tenha sentido nada, duvido que um filme não tenha passado pela sua cabeça. Me desculpe por imaginar momentos tão dolorosos, eu só não consigo parar de pensar.
Dizem que somos programados pra cair. Talvez isso seja verdade, mas eu duvido que aquela era a sua hora de cair, eu queria estar lá para não ter permitido isso. Eu queria tantas coisas, coisas que talvez te fizessem estar viva hoje. Eu queria ter te conhecido, ter te percebido, ter salvo você. Eu sinto muito.
Que tal mais um café?
Bem que você podia, né?
Bem que você podia ficar um pouco mais
Bem que você podia fazer morada em mim
Bem que você podia se permitir
Bem que você podia me deixar poder
Bem que você podia não se prender
Bem que você podia jogar tudo pro alto
Bem que você podia ser só você
Bem que você podia dar aquele beijo desejado/guardado
Bem que você podia ter feito o que queria fazer
Bem que você podia ter dito tudo o que queria dizer
Bem que você podia poder
Bem que a gente podia, né?
Porque bem que você podia
Que a gente podia
Ser só a gente
Nesse mar de gente...
A gente podia.
Mas fica um pouco mais. Que tal mais um café? (8
Bem que você podia, né?
Percebi que as cicatrizes são mais profundas do que eu imaginava. Não tem fio cirúrgico que resolva, não tem remédio que cure. Eu vou ter que aprender a conviver com elas, Inflamando vez ou outra, doendo vez ou outra, expandindo-se vez ou outra. Elas não vão sarar facilmente, porque não foram feitas facilmente. Doem mais do que pensei. Não é na casca, não é no corpo... É na alma, é em quem sou. Eu me sinto um brinquedo quebrado cuja solução de conserto não existe. Nenhuma cola pode reparar, pois toda vez que remenda um lado o outro padece. E aí eu me pergunto: "Por que ainda insisto?" "Por que faço isso comigo mesma?", "De onde vem tanta força pra suportar tanta coisa calada?". Sinto-me como uma bomba relógio em seus últimos minutos de vida antes de explodir e se desintegrar junto com tudo ao seu redor. Uma bomba que se explodir não fará a mínima diferença, pois todos estarão preocupados em juntar os seus próprios cacos. E a única pessoa que pode me salvar sou eu mesma!
Eu estava chorando enquanto digitava um texto no celular, de repente ele travou e a luz ficou mais forte, era ela me ligando. Engoli o choro, enxuguei as lagrimas e disse: "Oi". Ela deixou claro que estava ligando apenas para dar boa noite, mas ela não tinha ideia de que a sua ligação estava me salvando de mais lágrimas, de apertos no estômago, de pensamentos ruins. A voz dela rouca me fez sorrir, e ali eu fiquei aliviada por ela ter me ligado, por ter me salvado de mim mesma. Quando ela tentou dar tchau eu não hesitei: "Fica mais um pouco";. "Por quê?" - Ela questionou. "Porque eu acho que vai me fazer bem" - Foi o que eu disse.
E não é que fez?! E quando ela perguntou: "Quer dormir comigo?" eu sorri sem acreditar no que estava ouvindo. De início hesitei e brinquei: "Huum... Deixa eu pensar". Mas a verdadeira resposta não demorou muito pra sair:: "É claro que quero!" E juro que demorei a dormir, acordava toda hora e parava pra ouvi-la, sem acreditar naquilo. Quando dormi um sono mais longo, sonhei que dormíamos juntas. Acordei e percebi que não era um sonho, foi aí que meu corpo relaxou e o coração tranquilizou. Embora eu não tenha dormido muito, foi a noite mais relaxante da semana. Ela não sabe, mas a sua companhia diminuiu algumas dores.
sábado, 5 de novembro de 2016
O telefone toca...
Ela 1: Oi...
Ela 2: Oi!
Ela 1: Estás fazendo o quê?
Ela 2: Estava vendo um filme e lendo um livro.
Ela 1: (Pausa, dúvida) Oushi.., Como você faz essas duas coisas ao mesmo tempo?
Ela 2: Nem me pergunte como.
(Risos)
Ela 2: Eu consigo fazer ambos. Fazer várias coisas ao mesmo tempo as vezes ajuda a diminuir a tensão da ansiedade.
Ela 1: É? E com o que você está ansiosa?
Ela 2: Com a vida!
Ela 1: Huum...
Ela 2: A vida me deixa ansiosa. Esse não saber o que tem atrás da porta, esse inesperado esperado, essa certeza da incerteza, esse será...
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
#Antigos2
Ela...
Ela precisava do vento, da luz e ao mesmo tempo da escuridão.
Ela queria um pouco de sol, chuva,
quem sabe neblina e aquele cheiro de terra molhada.
Ela estava carente de sair, ver gente e ficar sozinha.
Ela não queria praticar esportes.
Ela queria a inércia.
Sentar a tarde toda e nada dizer ou fazer.
Focar em um ponto até adormecer.
Ela precisa de um ombro, de música, de companhia.
Ela queria ficar no quarto sozinha.
Ela queria o tudo e o nada,
a mesmice ou quem sabe seguir uma longa estrada.
Ela precisava ouvir música clássica,
mas ouviu MPB.
Ela precisa dormir.
Ela precisava não adormecer.
Precisava de fé, de vida, de esperança.
Ela queria uma cama, um abraço, uma manta.
Necessitava de um carinho, uma palavra, um olhar.
Ela não precisava de nada a não ser se encontrar.
Tem gente que é tão bonita,
mas tão bonita
que quando você está perto
só consegue sorrir.
A beleza contagia,
traz uma sensação incrível
de "não quero sair daqui".
Ah se todos fossem uma alma tão bonita,
mas tão bonita
como algumas que eu vejo por aí...
Todo mundo viveria agarradinho
e não pararia de sorrir.
Sabe o que eu pensei?
Eu pensei que aquele filho poderia ser meu também; que eu poderia sim ser gestora, talvez uma das melhores, mas ele não precisaria de uma gestora como eu para "abrir a mente" e ser crítico... Ele não precisaria porque já me teria como mãe. Nos teria como mães.
A vida é tipo bosta no ventilador, sabe? Algumas vezes ela bate na sua cara e outras não. E você vive pra isso... Pra tentar se desviar da bosta. O tempo todo. E quando você não consegue, as pessoas te apontam e não olham o tanto que você já desviou da merda. A gente vive pra isso. E ao mesmo tempo não sabe porque vive. E os momentos felizes? Os momentos felizes são as vezes que conseguimos desviar da bosta. Mas no fim, é como Rita Lee sempre cantou... "Tudo vira bosta".
Confesso
Confesso que eu ainda sinto falta dela, que quando eu escuto Tulipa Ruiz cantando: "Só sei dançar com você, isso é o que o amor faz", eu lembro de quando devoramos uma pizza em 3 minutos, de quando batemos no quarto ao lado e corremos como duas crianças, de quando nos escondemos das ciganas porque eu fiquei com medo, do susto que ela me deu quando eu cheguei do estágio, de quando dançamos uma na frente da outra como duas loucas descompassadas, sem ritmo algum, sem manejo qualquer. E quem disse que ela se importava com isso? O que importava era a companhia, ela me queria ali e eu me sentia querida. É Tulipa, ela sacou a minha esquizofrenia e aceitou, me aceitou com toda a tormenta que eu tinha, com todas as mudanças de humor, com todos os dramas e perversidades. Quando necessário dávamos broncas uma na outra e ela me lembrava de que mudanças eram necessárias e que precisávamos fazer isso juntas, crescermos juntas. Isso é o que o amor faz (?) Não sei muito sobre ele, mas o pouco que eu sei me diz que ele não aceita tudo, mas respeita, entende e se tiver que mudar algo, isso acontece junto. Confesso, tudo isso que o amor (supostamente) faz, faz falta.
Será que eu realmente só sei dançar com ela
ou eu me acomodei a seguir os passos dela?
Mordida? Eu? Imagina!
"A gente fica mordido, não fica?". Não sei, Liniker. Eu fico suada, nervosa, ansiosa, trêmula, de pernas bambas, arrepiada, excitada, incomodada, tímida, dengosa, carente, balançada, surpresa etc.
Dizer que eu fico mordida parece tão pouco diante do que sinto... Mas talvez, se eu tivesse que resumir tudo em uma palavra, "mordida" seria a melhor. E eu quero sim mordê-la e ser mordida a cada instante. E isso é real... Sinto que diante de cada beijo os seus lábios me mordem constantemente, cada vez que ela se aproxima é uma mordida, nos meus lábios, nos meus olhos, no meu corpo. Um pedaço de mim sempre está com ela e ela sempre me rouba algo, rouba sorrisos, sensações, suspiros, pensamentos, ela me deixa mordida sim. E eu só sei que quero mais, que quero ela mordendo o meu lábio inferior, deixando a marca não apenas na minha alma, mas principalmente no meu corpo... Até que ela tenha mais de mim do que eu mesma e eu tenha mais dela do que ela possa imaginar. Sim, Liniker! A gente fica mordido, sim. E eu fico mordida a cada pequeno passo que ela dá até mim.
Eu pensei que a conhecia, mas hoje percebi que não sei muito sobre ela. Ela se apresentava tão forte, linda e revestida em uma capa de perfeição que isso até me irritava. Mas depois de hoje, ela se despiu pra mim, mostrou fraquezas que me deixaram surpresa. Nio estou feliz pela frustração que ela possui, mas sim por vê-la tão humana diante de mim. E confesso, quero vê-la nua mais vezes.
#Antigos1
Conto: O Esquartejamento do Diabo
–– Peter? Peter? Responda Peter, onde vocês estão?
–– Peter? Peter? Responda Peter, onde vocês estão?
Cláudia acabava de abrir a porta da frente, ninguém estava na humilde sala para recepciona-la, o que ela achou estranho, pois havia deixado Peter, seu filho mais velho de 19 anos com o mais novo de 09 e a babá, enquanto ia ao supermercado. Mas não havia sequer resquício deles ali, a não ser pela TV ligada no canal de desenho animado que Rickon, o mais novo, tanto gostava. Cláudia tinha 1,70m, aos 39 anos, era uma senhora bem afeiçoada com seus cabelos curtos loiros, olhos azuis claros, porém chamativos, pele agalegada, um tanto amarelada, magra. Era uma católica praticante, totalmente devota, alguns até a viam como fanática religiosa, o que não importava para ela, a não ser obedecer a seu Deus, frequentar a igreja, cuidar dos doentes, rezar, rezar e rezar. O que se tornou mais frequente quando o seu marido faleceu. Os médicos disseram que foi parada cardíaca, mas Cláudia alega ter visto o demônio nele, acreditava que o seu marido havia sido possuído dias antes de morrer. Como disse, fanática! Ao menos era o que todos achavam. Talvez Cláudia tivesse mais medo do demônio do que qualquer outra pessoa na face da terra, todas as noites ela pedia ao seu Deus, Jesus Cristo, Maria, e qualquer outro santo que conhecesse, por proteção. Talvez naquele dia eles não a estivessem ouvindo.
–– Rickon? Peter? Respondam meus anjos. Anna? –– Cláudia agora começava a ficar assustava, passava pelo corredor principal como se pressentisse algo, o medo vivia acompanhando-a desde o falecimento de seu marido e aqueles revirar de olhos, hora ficavam totalmente brancos, outra de um negro profundo, parecendo estar cego, as duas bolas dos olhos se fundiam formando uma só, uma única cor. Chegou frente ao quarto do filho mais novo, o frio do receio a consumia, ela já havia sentido aquilo. Sua mão ameaçou abrir a porta, mas hesitou quando ao olhar para baixo se deparou com um liquido vasando pela fresta da porta. O mesmo escorria banhando seus sapatos. Tarde demais para notar que aquilo era puro sangue? Em uma atitude insânia, pensando o pior, ela abriu a porta e ficou face a face com Rickon sentado em uma pequena cadeirinha de balanço, a mesma ia para frente e para trás enquanto o pequeno se deliciava lambendo os dedos supostamente melados de sangue, ele ria divertido. Estática, sua mãe olhou para baixo e encontrou o corpo de Anna, a babá, caído ao chão de bruços. O corpo estava banhado em uma cor rubra brilhante. Cláudia não conseguia gritar, estava parada ali. Seus olhos eram banhados por lágrimas quentes. –– Mamãe? –– Rickon a tirou do transe, ela o encarou como se não o reconhecesse. –– Rick... Ric... –– pigarreou. –– Você está bem meu filho? O que houve aqui? Ela contornou o corpo ao chão chegando até seu filho. –– Estou bem mamãe. A expressão de Rickon mudou de divertimento para uma incompreensão do que havia a sua volta. –– Ê... E... Eu não sei, mamãe –– O pequeno abaixou a cabeça como se tivesse acabado de levar um sermão por brigar com o irmão. Cláudia o abraçou banhando um pouco da sua blusa branca com o vermelho que Rickon possuía e não era seu. –– Eu sei, eu sei. Sussurrou Cláudia.
Não demorou muito para que os policiais chegassem e a perícia fizesse o seu trabalho. Pelo que foi dito a Cláudia com certeza alguém havia invadindo seu lar e executado a babá, porém, nenhuma arma foi encontrada no local, o corpo parecia inicialmente ter sofrido hemorragia, mas ao vira-lo viram-se mutilações com algo cortante, até mesmo a suposição de garras apareceu entre os especialistas. Mas a troco de quê alguém mataria uma jovem tão doce como a Anna, uma vez que não levaram nada da casa? Isso é o que iriam descobrir. Agora o trabalho de Cláudia era limpar aquela decoração macabra do quarto de seu filho, tentando tirar a todo custo com alvejante o cheiro de ferrugem do quarto que logo tomava conta do corredor.
–– Onde estava, Peter? –– Cláudia soava furiosa com seu filho mais velho. Assim que ele abriu a porta, minutos atrás dos policiais terem ido embora, ela o questionou sem esperar que o mesmo respirasse o ar de morte da casa. ––O que houve aqui? –– Peter questionou ignorando o estado de fúria e transtorno de sua mãe. Cláudia por sua vez devolveu na mesma moeda. –– Eu perguntei ONDE VOCÊ ESTAVA?! –– Quase como em um grito ela fez a sua voz sair estridente. Peter tremeu, abaixou o tom de voz o máximo que pôde para responder. –– Eu estava na casa do Pedro, ele me ligou. Pensei que não havia problema em deixar Rickon com a... Ela não esperou que ele terminasse. –– Deixar Rickon com a Anna para jogar? Foi isso não foi? Colocou Rickon ao chão e aproximou-se do filho esbofeteando o seu rosto. A face de Peter endureceu, fazendo-o permanecer calado. –– Eu disse para ficar em casa! Agora temos mais uma morte instalada nesse ambiente, transitando pelas paredes. Suba! Tome banho, dê banho no seu irmão, eu vou limpar essa bagunça.
Não demorou muito para que o cheiro de lavanda e flores campestres instalassem-se pela casa. Cláudia parecia exausta, mas ainda assim fez a janta. Arroz com bife e batatas fritas. Chamou os filhos para o momento, pois Peter não se atrevia descer. Havia subido para o primeiro andar fazia pouco mais de uma hora e desde então não descera. Ao ouvir a voz da sua mãe vindo dos primeiros degraus da escada desceu imediatamente com o irmão e até elogiou o molho do bife. Rickon permaneceu em silêncio e Cláudia compartilhava dele, parecia estar presa à cena que antes havia presenciado. Ela sabia que aquilo não se tratava de uma execução, roubo mal sucedido ou coisa do tipo, e apenas uma pessoa acreditaria em suas suposições. Deu ordem expressas para que Peter retirasse a mesa, lavasse os pratos e permanecesse com Rickon dentro de casa. Acreditando que devido às circunstâncias ele não se atreveria a desobedecê-la.
–– Tinha algo estranho naquele quarto padre. Eu não disse nada aos policiais, mas o Rickon estava sorrindo com a cena, banhado em sangue e o pior... –– Ela hesitou. –– Diga minha filha, não tenha medo. O padre segurava as mãos da mulher a sua frente, olhando-a nos olhos como um verdadeiro pai. –– Ele lambia as mãos meladas de sangue, Padre –– Terminou a frase em prantos. O padre por sua vez enxugava suas lágrimas, tentando consola-la –– Eu posso ir até lá, dar uma olhada. Quem sabe fazer uma oração pelo seu lar. Mais uma vez Cláudia hesitou. –– Padre, eu tenho quase certeza que ele, ele voltou! O padre soltou as mãos da mulher levantando-se rapidamente como se fosse vítima de um susto bem orquestrado. –– Não pode ser –– Disse quase sem fôlego e completou. –– Você tem certeza? Ela o olhou, o medo era nítido, dessa vez não só nos olhos dela, mas de ambos. –– Preciso do Senhor para tê-la.
A cidade de Brankesville ao norte de Virgínia era esquecida por seus governantes, pobre e pequena. Todas as pessoas se conheciam, grande parte católica, muito supersticiosa. Elas faziam suas próprias leis e cuidavam uma das outras. Mas era sabido que Ele rondava aquele lugar, ninguém sabia o porquê, mas o Padre era especialista em expulsa-lo, embora Ele sempre voltasse ou mandasse alguém, como se quisesse algo dali, e ao mesmo tempo nunca fosse se satisfazer quando o tivesse. Ele, mais conhecido como Lúcifer, satanás, anjo de luz, demônio, diabo. E tantos outros nomes, colocava medo em boa parte da cidade que já havia perdido entes queridos com possessões demoníacas, incluindo Cláudia. A outra parte, como exemplo, alguns médicos, policiais, estudiosos que ainda moravam naquelas bandas, não acreditavam em tais “mitos” como eles mesmos chamavam. O médico que havia atendido o marido de Cláudia dissera que aquela história era apenas para amenizar a perda de alguém que se foi por uma fatalidade, mas Cláudia, o Padre Américo e muitos outros sabiam a verdade.
Não demorou muito para que Cláudia chegasse em casa com o Padre. Era tarde da noite, Rickon e Peter já desfaleciam em um sono profundo. O padre foi direcionado ao quarto, passava a mão no ar como se acompanhasse a extensão das paredes enquanto rezava o pai nosso. Ele, como servo de Deus, podia sentir forças negativas tomando conta daquele ambiente, desejou estar errado, mas quando se direcionou a senhora a sua frente ela não teve dúvidas, Ele havia estado ali. Antes que algo pudesse ser dito Rickon apareceu na porta do quarto. –– Me procurando, Padre? –– Cláudia e o Padre se viraram sem acreditar no que viam. Era Rickon ali, mas havia algo a mais. Um riso macabro estava instaurado em seu rosto, os olhos tomados por um negro profundo, sua mãe conhecia aquilo. Padre Américo agarrou-se ao terço em seu pescoço e começou a rezar o pai nosso. –– Não adianta rezar padre, você rezou da ultima vez e não deu certo, seu Deus não vai lhe ouvir –– O padre não dava ouvidos e rezava cada vez mais alto como se aquilo fosse afugentar o suposto diabo. Cláudia por sua vez tremia olhando para o seu filho, ou o corpo dele.
–– Quem é você?
–– Seu filho, não está vendo? Rickon abriu os braços ao falar como se dissesse: Olhe.
–– Pode ser o corpo dele, mas não é ele ai dentro. Engoliu o seco tentando manter-se firme. –– Por favor, deixe-o, é apenas uma criança.
–– Oh, por favor. Eu suplico, é apenas uma criança. Ele repetia e acrescentava algumas palavras a algo que sempre ouvia, debochando e divertindo-se com aquilo.
–– Apenas uma criança, acredita mesmo nisso? Acha que todas as crianças nascem puras? NÃO! Ele gritou parecendo impaciente. –– Vocês humanos são tão previsíveis, burros, manipuláveis. Seu filho, como toda criança, nasce no mundo do pecado. Somos todos pecadores nesse mundo não é mesmo? Você ainda espera que ele nasça puro? Um riso maléfico transbordou em sua garganta ecoando sobre os quatro cantos do quarto. –– Um bebê nasce tão sujo quanto você. Só precisa crescer, fazer suas escolhas, ou se deixar manipular.
O padre aproveitou a conversação para tentar cravar o crucifixo na testa de Rickon, mas ele não permitiu. Em segundos, sem saber o que o tinha atingido, o padre foi jogado contra a parede.
–– Nem tente. Retrucou o pequeno diabinho. –– Acha mesmo que me tirou do Senhor Abraão? Engraçado... –– Ele fez uma pausa voltando seus olhos para Cláudia. –– Sabe o que Abraão significa? Cláudia sabia, mas não se atreveu a responder, então ele continuou. –– Pai da fé. Mas o seu marido, ele não tinha fé alguma. –– Voltou-se para o Padre, erguendo a mão no ar fazendo com que o corpo do padre fizesse o mesmo e se erguesse contra a parede. ––Acredita mesmo ter me expulsado, velhote? Engano seu. Eu o matei, ele não tinha mais serventia, encontrei um recipiente melhor. Jogou a mão para o lado e o corpo do padre foi jogado contra outra parede, desfalecendo.
–– Quem é você, o diabo? –– Cláudia roubou a atenção do pequeno.
–– Em pessoa. –– Ele sorriu ironicamente. –– Costumo ser mais bonito, mas por enquanto, é tudo o que me tem. –– Não esperou que ela dissesse qualquer coisa e continuou. –– Você deve se perguntar onde seu marido está. Eu lhe diria que ele se encontra em um bom lugar. Entre as pernas de uma bela mulher. Uma xoxota quente pra chupar dia e noite enquanto tem o rabo esfolado por um dos meus demônios. Não se preocupe, Lilith está cuidando muito bem dele.
Cláudia sentiu-se enojada, tremeu novamente, recuou para trás enquanto o jovem se aproximava. Não conteve a ânsia de por pra fora toda a sua janta, em um pequeno impulso vomitou aos pés do diabo. Ele por sua vez afastou-se sorrindo. O padre acordava e parecia cheio do temor de Deus. Pulou sobre o homenzinho a sua frente clamando por seu Deus. O diabo sorriu e em um movimento rápido estendeu a sua mão até o pescoço do homem cravando suas garras ali, arrancando-lhe suas veias. O corpo pendeu como em câmera lenta até cair ao chão. Cláudia entrou em desespero, em prantos começou a clamar por Deus, pedindo misericórdia.
–– Senhor. A ti suplico, livre-me de todo mal. Pai nosso que estais no céu, santificado seja o teu nome, aquele que anda no esconderijo do altíssimo a sombra do onipotente descansará, direi do senhor, ele é o meu refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia...
Com as mãos ensanguentadas Ele se deliciava. Interrompeu a oração da mulher com um riso irônico. –– Seu Deus não vai te salvar.
Cláudia por sua vez continuou a oração, repetindo-a, e repetindo-a. Caindo sobre o chão como em cansaço, quase se banhando na mistura do seu vômito com o sangue do Padre, rastejou até ele pegando para si o crucifixo, cravando-o no pé do demônio que agora urrava. Gritava chamando por Deus. –– Senhor, eu sou tua serva, faça sobre mim o teu querer, mas eu te peço, livra o meu filho do maligno. Deus pareceu ouvir a sua oração, pois o demônio saiu do corpo do garoto que caiu no colo de sua mãe. Uma massa cinzenta em forma de um monstro formava-se naquele quarto. Indo de encontro a Cláudia em um movimento inútil, pois uma luz branca tomou conta da frente da mulher, partindo a massa cinzenta em vários pedaços como se esquartejasse o diabo que havia saído da criança. Ele gritava: Não podes comigo, anjo Gabriel. Seu Deus não pode vir pessoalmente e manda seu empregado? Cláudia não suportava ver aquilo, fechou os olhos continuando a sua oração. Parecia que cada vez que clamava o nome de Deus o anjo a sua frente tornava-se mais forte. Aos poucos o barulho ficou longe, cada vez mais longe. Cláudia desejou não ver mais aquilo, lentamente abriu os olhos e no quarto só estava ela e seu filho. O corpo do Padre Américo havia sumido; o sangue, o vômito, nada se encontrava ali. Como se nada tivesse acontecido, a não ser por Rickon em seus braços. Deitou o garoto na cama e correu gritando por Peter, desejando que ele estivesse vivo. Subiu as escadas desesperada, precisava de um banho, mas não sem antes encontrar seu filho, e o achou. Ele estava no quarto da mãe, sentado na beira da cama, parecia atordoado, como se tivesse acabado de acordar de um grande pesadelo, suado ele olhou para a sua mãe e aquela expressão de desespero.
–– Mãe? O que aconteceu?
–– Nada meu filho, Nada. Correu até ele abraçando-o e beijando sua face. Olhou no rosto do filho e disse baixinho: –– Eu lhe amo, meu filho.
–– Eu também lhe amo, mamãe. Estranhamente Peter sorriu, agarrou o rosto de sua mãe, aproximou-se e introduziu a sua língua na boca dela, mexendo-a ali dentro em um beijo descompassado. Sem acreditar naquilo, Cláudia afastou-se esbofeteando o filho.
–– O que significa isso, Peter? Como se atreve?
–– Peter? Ele sorriu maléfico. E Cláudia logo reconheceu aquele riso. Tentou correr até a porta, com o pensamento em sair dali, reconhecendo que o pior estaria por vir. Porém, a porta se fechou antes que ela pudesse chegar até a mesma. Peter começou a se despir, Cláudia mais uma vez sentiu o desespero em seu coração. Virou-se contra a porta tentando abri-la, era inútil.
–– Vamos, mamãe. Vamos nos divertir um pouquinho.
Afastando-se ao máximo que podia, ela não entendia como aquilo podia estar acontecendo, como o diabo poderia ter voltado e entrado no corpo de Peter.
–– Mas, ma... Mas como isso é possível, meu Deus? Questionou como que para si mesma. O demônio por sua vez compreendeu o que ela não entendia.
–– Eu não sou ele, sou apenas um aprendiz, um aprendiz que não vai decepciona-lo. Agora, venha aqui. Ele falava já nu, acariciando o pênis. Cláudia não acreditava que seria submetida aquilo. Olhou para o teto, como se estivesse vendo o céu, e suplicou. –– Meu Deus, Não permita. Não permita que demônios ousem profanar meu corpo, não permita. Em prantos seu corpo caiu sobre o chão, ajoelhada rezava. –– Mil cairão ao meu lado, dez mil a minha direita, mas eu, eu não serei atingida...
Enquanto ela rezava o demônio no corpo do seu filho sorria. –– Não adianta; cadela. Eu vou fazer você engolir esse pau gostoso como uma boa boqueteira, depois quando me cansar das suas chupadas, vou matá-la e foder seu rabo gostoso enquanto seu corpo apodrece. Olhando-a fixamente ele se aproximava, ela, por sua vez, afastava-se rastejando pelo chão. O demônio com os olhos totalmente brancos os revirou. ––Quer que eu vá lá embaixo e faça com o Rickon o eu que quero fazer com você? Agarrou-a pelos cabelos fazendo-a ainda ajoelhada virar-se para ele, na altura do seu pênis. –– RESPONDA, VADIA! Ela balançou a cabeça negativamente. –– Por favor, meu filho não. –– Ele sorriu vitorioso. ––Então engula o pau do seu filhinho mais velho. VAMOS, engula, vadia.
Sem jeito, Cláudia colocou a boca no pênis do Peter, fechando os olhos para não ver o que estava fazendo, as lágrimas faziam parte do cenário. –– Vamos, pegue com gosto, e não morda, se morder, tentar qualquer coisa. Lembre-se que é o seu filho, não eu. Eu a estrangulo e ainda terei o Rickon.
Obediente, Cláudia começou a fazer o pau entrar em sua boca. Chorando ela o abocanhava demonstrando repulsa. O demônio agarrava seus cabelos e a fazia ir mais fundo, socando o todo o pau por entre os seus lábios, ela se engasgava, e continuava. Ele gemia como o diabo no quarto de Rickon urrava antes de ser expulso pelo anjo. –– Vamos mamãe, chupe, ENGULA! Isso, assim. Muito bem, cadela. Ele falava mostrando sentir prazer. Passou a socar o pau mais forte, o fazendo bater na garganta dela e voltar. Em movimentos frenéticos, ele ia pra frente e para trás enquanto ela só mantinha a boca aberta. Respirava com dificuldade, quase desfalecendo. Ele a batia na face puxava mais firme seus cabelos e grunhia. Cláudia já não tinha mais forças para chupar, mais uma vez ele socou o pênis dentro de sua boca e deixou lá até que ela ficasse sem espaço para respirar, engasgando no seu pau. –– Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé. Ela disse baixinho entre os pequenos espaços.
O aprendiz ironizou: –– Morrendo com um caralho na boca, que delícia. Ele sussurrou enquanto retirava o membro da boca dela e lhe quebrava o pescoço. Jogou o corpo sobre a cama, e iria fazer o que antes prometerá, mas o seu olhar se encontrou com o de Rickon que observava tudo. O garotinho sorriu, o demônio compartilhou do mesmo riso. –– O que faz aqui pequeno Rickon? O demônio no corpo de Peter o olhava com olhos curiosos, surpreendentemente o garoto perguntou: ––Como? Como se faz isso? Novamente o demônio sorriu em satisfação. Estendeu a mão para o garoto e disse:
––Vamos, Rickon. Vou lhe ensinar tudo.
Quando chega a noite tem uma música da Tiê que sempre foi do meu agrado, uma das partes dela diz: "E quando chega a noite, eu não consigo dormir, meu coração acelera e eu sozinha aqui". Hoje eu parei e percebi que adoraria ter você aqui a noite, dormindo comigo. Imagino como é você dormindo, qual o som do teu sono, da tua respiração, o teu semblante enquanto dorme, como teu corpo se posiciona na cama, mas diferente da Tiê, a tua falta não me tira o sono, a tua falta me faz querer dormir, porque dormindo eu tenho a chance de sonhar com você. No sonho não tem limites, bloqueios, barreiras, absolutamente nada que nos impeça de ser o que somos ou fazer o que queremos. No sonho só tem eu, você, nós!
E se algum dia você souber que eu dormi e não acordei, você já sabe... Eu apenas escolhi viver meu sonho.
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
Despedida
Ela 1: Você sabe que eu não posso!
Ela 2: Por quê? Por quê você pode? Você não pode ou não quer?
Ela 1: Ambos. Eu não posso fazer isso comigo mesma nem com você. E não quero, não quero fazer isso. Você precisa parar. A gente precisa parar!
Ela 2: (Silêncio seguido por um suspiro) Tem certeza? É isso que você quer?
Ela 1: (Silêncio, lágrimas, suspiro)
Ela 2: Te fiz uma pergunta.
Ela 1: Duas!
Ela 2: Oi?
Ela 1: Foram duas, duas perguntas.
Ela 2: Ah, não começa agora.
Ela 1: (Suspiro) Não, não vou começar. Eu não tenho certeza disso, mas eu sei que é preciso.
Ela 2: Eu só acho que a gente mal começou.
Ela 1: Por isso mesmo, melhor parar antes que comece.
Ela 2: Tudo bem. Se é isso que você quer.
Ela 1: Eu preciso ir, preciso ficar só.
Ela 2: Ok!
(Silêncio)
Ela 2: Eu ainda vou ouvir tua voz?
Ela 1: Não sei!
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