Dificilmente vejo televisão. Se quero me atualizar basta entrar no Facebook, as páginas de notícias que sigo dão conta de tudo, além das pessoas que tenho no perfil que estão sempre falando do que está em evidência. Mas em um desses dias banais, sentei frente a televisão e estava passando "A terra prometida", na cena, um rei tinha um súdito que provava a comida antes dele, provava para avisá-lo se a comida não estava quente, para que o rei pudesse comer tranquilamente. Em uma dessas provas, o rapaz começou a passar mal, fazendo o rei perceber que alguém tentou envenená-lo.
Se não fosse pelo súdito o rei estaria morto, mas quem disse que ele quis saber disso? Enquanto o rapaz agonizava no chão e pedia ajuda, o rei falava do absurdo de terem tentando contra a sua vida, gesticulava e lamentava tal ato, gritava o quanto era majestoso, maravilhoso e que ele descobriria quem tentara cometer tal ato infame. Se o súdito morreu eu não sei, meus olhos estavam focados no rei, naquele rei egoísta que mesmo vendo alguém pedindo ajuda, sangrando sobre os seus pés, ainda assim só pensava em si.
E não é que algumas pessoas são assim? Dizem que a expressão "ter um rei na barriga" surgiu porque na época da monarquia as mulheres (preferidas do rei) que engravidavam do rei eram tratadas como rainhas, ninguém podia tocar nelas. Elas carregavam (literalmente) um rei na barriga. Hoje a expressão é usada quando alguém se sente superior a outrem, acredita ser melhor, merecer ser tratado diferente etc.
Aqui encaixo a expressão nas pessoas que vivem como esse rei da novela. Pessoas que gostam de falar, mas não sabem ouvir, e se ouvem não é para entender, é para rebater. Querem sempre alguém ao seu lado, mas apenas para despejar seus problemas e dilemas, quando é a vez de ser ombro, afago, carinho, elas simplesmente continuam com aquele discurso centrado apenas em si mesma, sempre procurando uma brecha na conversa para falar de si ou de alguma situação parecida que enfrentou. É complicado lidar com pessoas com reis na barriga. Pessoas que acreditam merecer tratamento especial por uma posição que possuem e/ou que veem a pessoa precisando de ajuda e juram estar ajudando ao falar de si mesmas. Muito mais do que falar palavras de apoio, ouvir é preciso, ser ombro é preciso, ser porto de alguém é preciso. Acredito que quando ajudamos alguém estamos nos ajudando muito mais do que imaginamos.
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