terça-feira, 22 de novembro de 2016

Me apaixonei pelo que eu inventei de você (8



Talvez você não seja tudo isso que eu acho que é. Eu precisava tanto de uma versão, uma boa versão e aí você apareceu, me dando a chance de transforma-la no que eu quisesse. Intacta, mesmo sabendo de todos os defeitos, fantasiei. Fantasiei carinho, atitudes, olhares, toques, fantasiei reciprocidade. E agora, olha eu aqui, pensando em você, querendo um oi, um bom dia, um olá qualquer. Eu gostei tanto dessa fantasia que passei a vive-la mais do que eu deveria. Quantas vezes encostei a cabeça na parede do banheiro e enquanto a água do chuveiro molhava o meu corpo eu fechava os olhos e por alguns segundos eu projetava cenas com você em minha mente, seu olhar, sua voz, seu toque, sua respiração, a troca de olhares, você ao meu lado... Apenas você. Eu projetei tantos "e se's" que agora nem sei o que de fato existe. Eu sei que você existe, ao menos a sua existência não foi projeção da minha mente. Isso me machucaria muito se fosse verdade. 
Mas o que eu fiz de você não foi real. E cada vez que o véu cai um pouco e descobre os meus olhos, dói. Chega de criar cenas, de te imaginar, de te consertar ao meu bel prazer... Não teve olho no olho, não teve carinho, não teve reciprocidade. Tiveram apenas momentos impulsivos, o que não significa que teve sentimento. Sentimento é outra coisa, sentimento é o que guardo aqui no peito, sentimento que não fantasiei, que me fez viver cada pequena sensação... Mas agora chega! Chega de falar de você, chega de te imaginar, desenhar, fantasiar. Cansei desse sentimento, ele tem que morrer! 




4 comentários:

  1. Sera que tudo é fantasia mesmo? Sera que realmente não teve reciprocidade? Sera que não teve sentimento do outro mesmo? Sera que o outro também nunca encostou a cabeça no travesseiro e projetou cenas com você? Questionamentos que muitas vezes não são feitos e dessa forma nunca saberemos a resposta. E é por essas e outras que não podemos perder as oportunidades de questionar tudo, mesmo que a gente saiba a resposta.

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    1. Hum.... Primeiramente, Fora Temer rs
      Brincadeiras a parte. Não estou acostumada a receber comentários dos/nos meus devaneios, acredito que esse é o segundo que recebo. Mas confesso que chega a ser interessante saber que alguém além de ler minhas besteiras ainda refletiu sobre elas e se deu ao trabalho de comentar. Desde já, obrigada.

      Sobre o seu comentário:
      Antes de qualquer coisa, preciso dizer que nem sempre o que escrevo foi porque aconteceu comigo, às vezes é algo que li, foi um comentário, uma imagem, uma situação etc. A "inspiração" vem dos mais variados lugares. Então, nem sempre o que escrevo significa que vivi ou que estou sentindo. Às vezes são apenas momentos de reflexão, coisas que passaram pela cabeça e eu quis transformar em texto.

      Esse texto em específico, foi ouvindo "De quem é a culpa", música da Marília Mendonça... Acabei lembrando de alguns sentimentos e situações... Surgiu o texto. Parte dele eu senti, vivi e pensei, a outra foi apenas complemento que surgiu no momento de "criação"/escrita.

      Posso te dizer que tudo é muito relativo... Nem tudo é fantasia, tanto é que no texto eu não alego que "tudo" é fantasia, falo apenas de uma situação específica, de alguém que acredita fielmente estar apaixonada e ser essa paixão fruto de uma fantasia que ela criou, que na verdade ela não está apaixonada pela pessoa, mas por alguém que ela criou. De certa forma, apaixonada por si mesma, por quem ela queria que existisse.

      CONTINUA...

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    2. "Tudo" é muita coisa, anônimo. Mas é verdade que fantasiamos, que projetamos sentimentos.. Inclusive, no final do texto eu digo "Sentimento é outra coisa, sentimento é o que guardo aqui no peito, sentimento que não fantasiei, que me fez viver cada pequena sensação", hoje eu já não tenho a mesma opinião, penso que até o sentimento também pode fazer parte da fantasia... Podemos pensar que nos apaixonamos quando na verdade é apenas um desejo, um carinho, é apenas o fato da pessoa estar presente, é carência nossa. Ou seja, podemos sim projetar, fantasiar etc.
      E talvez... Tentando levar para o caso concreto, talvez tenha tido reciprocidade, talvez tenha tido sentimento da outra parte, e sim... É bom questionar, até porque se não fazemos isso tudo o que teremos será apenas um "talvez" Temos essa mania de querer adivinhar o que o outro pensa, de deixar algumas coisas pra lá, principalmente sentimentos.
      E de quais oportunidades estamos falando? Porque, novamente: Tudo é muito, muito relativo. O que pode ser oportuno pra você pode não ser pra mim. Existem pessoas que enxergam oportunidade até se o vento bate no rosto delas, elas já acreditam que é a oportunidade para mudar o horário de uma viagem, porque vai ventar muito nas próximas horas. E tem outras que precisam ouvir: "Eu estou te dando a oportunidade de me questionar tudo", e algumas vezes, até ouvindo isso, não questionam, porque não se sente segura, não sentem que têm "intimidade" etc.
      Sendo importante ressaltar que algumas pessoas preferem não questionar mesmo, preferem deixar a tal da oportunidade passar, prefere não saber a resposta.

      CONTINUA...

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    3. Sendo comigo, a partir do momento que alguém está ao meu lado, no mínimo está ali porque quer, não coloco faca no pescoço de ninguém. rs Então, algum tipo de reciprocidade, nem que seja pequeno, nem que seja bem menos que o que sinto, tem. Confesso a você que não sei se questionaria se a pessoa projeta algo comigo, se quando deita a cabeça no travesseiro pensa em mim. Eu já passei por essa situação, por essa tal "oportunidade" e deixei pra lá. Sinceramente? Não me arrependo. Eu sou do tipo de pessoa que precisa se sentir extremamente segura, não gosto de dar mergulho profundo em piscina rasa, eu sei que vou morrer de traumatismo craniano. Então, de que adianta perguntar algo cuja resposta não mudará a profundidade da piscina e a morte é certa de todo jeito? Recentemente, discutindo sobre sentimentos e seus derivados com alguém, surgiu o fato de que o sentimento ele vem, de um jeito ou de outro, vem, mas o que fazemos com ele é de extrema importância. Se eu sei que estou me apaixonando por alguém, eu posso matar isso, bloquear pouco a pouco, ou posso me deixar levar. Não é fácil matar um sentimento bom, gostoso, avassalador, que te faz ficar feito uma idiota, mas eu penso que algumas paixões precisam ser mortas para que não sejamos nós as vítimas do assassinato. Mil vezes a morte de um sentimento do que de nós mesmos (?) Essa frase é muito mais um questionamento do que uma afirmativa. Estou refletindo enquanto te respondo.
      Agora vamos analisar outros lados... E esse "outro", onde é que está? Ele também não tem questionamentos? Porque se eu vivi algo com alguém e foi reciproco, cadê esse outro questionando também? Ou seja... Até o "receio", o fato de não saber aproveitar a oportunidade parte dos dois lados.

      E de que tipo de reciprocidade estamos falando? Porque existem reciprocidades mil... No caso do texto, tem a reciprocidade do momento vivido e do sentimento.

      Confesso, anônimo. Não sou fã de coisas efêmeras. Sentimento é algo importante pra mim. Eu levo determinadas coisas muito a sério, essa é uma delas. Pode ser paixão, carinho, afeto, amor, o que for. Sentimento efêmero, passageiro, não é comigo. Passageiro apenas sentimentos ruins, o que for bom, não deve ser hoje e amanhã não. Não sei lidar com pessoas que, por exemplo, amam hoje e amanhã já desamam. Tudo de um jeito tão simples, como se sentimento fosse papel que facilmente você amassa e joga fora. E eu falo isso de modo geral, cada dia mais as pessoas descartam outras. Eu não nasci para um mundo onde sentimentos bons são descartáveis, onde pessoas são descartáveis. Eu tenho uma intensidade dentro de mim que transborda e se não é para continuar sendo trasbordada eu prefiro que nem comece. Infelizmente (ou felizmente), ainda sou muito radical. Tenho coisas a melhorar em mim. rs Confesso.
      Ao mesmo tempo, sendo bem contraditória agora, eu não sei se mataria dessa forma o início de um sentimento. No final do texto eu digo: "Cansei desse sentimento, ele tem que morrer!". Isso é tão cruel, matar algo é e sempre será cruel, doloroso. Como se mata um sentimento? Essa frase não me representa, não hoje. Eu não mataria... Eu o transformaria... Se eu sei que não posso me apaixonar por alguém, que é um sentimento "proibido", que é algo que pode me fazer mais mal do que bem, eu transformo em carinho, em afeto, em desejo, curto a presença da pessoa, os momentos vividos e pronto. Bem mais saudável do que matar.

      Peço desculpas pelo textão, pelos confessos rs A madrugada me piora. rs

      Espero ter te respondido... Mais uma vez, obrigada. Apareça quando quiser... Inclusive para responder o textão. rs

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